Compreensível que o governador Carlos Moisés esteja abalado, e indignado, com tudo o que está revelado, porque se trata do seu governo.
Não há nenhum indício que aponte para o seu envolvimento pessoal em nenhuma das falcatruas desnudadas, ele é um homem sério, o Ministério Público diz isso textualmente, mas o seu nome acaba inevitavelmente ligado aos fatos, indiretamente, porque é o seu governo e tem pessoas do seu time, inclusive muito próximas dele, que estão entre os investigados, acusados e denunciados.
Por isso, compreensível (e necessária) a indignação do Governador.
Mas, ele reagiu ontem, na entrevista coletiva, apenas em relação aos agentes de fora do governo. Aqueles que deram o golpe e os críticos.
Deveria se mostrar mais indignado (e decepcionado) com os "da casa". Que abusaram da sua confiança e usaram do poder por ele concedido para praticar o indevido.
A força tarefa apurou (e anunciou) que o núcleo político da organização que fraudou o estado era o seu principal secretário, considerado o primeiro ministro do governo.
E ele nada disse a respeito. Uma palavra sequer.
Não queria pré-julgar?
Mas então fez pré-julgamento em relação aos demais, porque até agora ninguém foi condenado.
Ao mesmo tempo, ninguém mais enrolado que o seu primeiro ministro.
O Governador tentou relativizar os fatos.
Tratou como "pequena crise", aquilo que se confirgura no maior escândalo dos últimos tempos na gestão pública catarinense.
Também afirmou que foi o seu governo quem descobriu e, por sua ordem, produziu a ação para trazer de volta ao estado os r$ 11 milhões.
Na verdade, as investigações foram feitas pela "força tarefa" e a ação protocolada no Judiciário pelo Ministério Público.
Enfim, a reação do Governador era até necessária. Demorou. Mas, veio incompleta e com desvio de foco.
A propósito, a troca da guarda na comunicação do governo já foi definida, anunciada, mas ainda não efetivada.
As manifestações de ontem do Governador, no entanto, confirmaram a necessidade da mudança. Foi uma "lambança".