O assunto do dia não poderia ser outro: reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve (segundo a expectativa média do mercado) elevar em 1,5% a Selic, que passaria a 7,75%, maior patamar desde 2017, quando, em ritmo de queda, o Copom definiu a taxa básica de juros em 8,25% na reunião de setembro e 7,50% na reunião de outubro. Há quem espere um movimento mais drástico do Comitê, com players como Genial esperando aumento de 3% na Selic (para 9,25%) e Goldman Sachs esperando 2% (para 8,25%).
Sobre esse assunto, confira o trecho abaixo da newsletter de hoje da Nord Research.
Prévia da inflação: IPCA-15 sobe acima da expectativa [NORD RESEARCH]
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) acelerou a alta para 1,20 por cento em outubro, após marcar 1,14 por cento em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima do consenso do mercado, que estimava alta de 1,00 por cento. Os dados foram divulgados na terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, destaca a forte alta do setor de serviços, segmento que é mais sensível à política econômica, e avalia que o resultado do IPCA-15 deve fazer com que o Copom eleve a projeção para a taxa Selic em 1,5 ponto percentual na reunião de hoje (27), avançando para 7,75 por cento ao ano.
Por outro lado, o chamado Índice de Difusão, que mede o percentual de itens da inflação que subiram, caiu para 63,8 por cento neste mês. Na leitura da Marilia, essa queda indica que menos itens subiram em outubro, porém a alta dos itens que subiram veio mais forte. Já os núcleos de inflação apresentaram estabilidade.
Qual o cenário? De modo geral, esses dados dão ao Copom muito com o que se preocupar — principalmente porque as expectativas de inflação do Boletim Focus passaram a ficar desancoradas da meta do Banco Central, piorando as projeções para 2022, 2023 e 2024. Para a nossa analista, isso pode fazer com que o Banco Central tenha que aumentar o passo, elevando a Selic para 9,5 por cento ou 10 por cento no ano que vem.
O que muda na minha vida? Se por um lado a alta na inflação beneficia os títulos pós-fixados, que passam a render mais, por outro lado é ruim para títulos prefixados ou IPCA mais longos, dada a revisão de juros para cima.
Anote aí!
Hoje, às 19 horas, a Marilia Fontes fará uma live em seu perfil pessoal no Instagram (@mariliadfontes) para falar se a Selic vai quebrar o Brasil e as principais dúvidas em torno da decisão de política monetária na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) de outubro de 2021. Já segue no Instagram e ativa as notificações.
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Outros destaques
Empiricus recomenda aposta contra TC (TRAD3)
O mercado financeiro esteve em polvorosa nesta terça-feira (26) por conta do relatório extraordinário publicado pela Empiricus aos seus assinantes recomendando que os investidores operassem short no papel (quando se vende um ativo sem te-lo na carteira), apostando em uma queda de mais de 50% frente ao preço atual. As ações do TC (TRAD3) fechou o pregão desta terça a R$ 5,39.
Seguindo deliberadamente o estilo do relatório da gestora Squadra que deu início à derrocada da resseguradora IRB em 2020 (esta referência é citada no próprio documento), Felipe Miranda, analista e fundador da Empiricus, afirma que o TC se tratar de uma "fake tech", que são "empresas capazes de reunir uma retórica eloquente para se alinhar a um perfil supostamente de alta tecnologia, com crescimento exponencial, DNA disruptivo e vantagens competitivas de longo prazo. É um dos problemas dos nossos tempos: afirmações categóricas de 'tech as a service', 'software as a service', 'edtech', 'addressable market', 'community', sem a contrapartida tangível de lucros e geração de caixa. Palavras não pagam dívidas".
O que chamou atenção dos investidores também foi o que podemos chamar de "desencontro de ideias" entre Empiricus e BTG (que é acionista principal da Empiricus). Enquanto a research de Miranda constrói um cenário de empresa sem valor, analista do banco recomendam compra de TRAD3 com preço-alvo de R$ 14, defendendo haver “oportunidades para o TC aumentar a monetização, gerando tráfego/investidores para corretores e diversificando seu portfólio educacional”.
Por outro lado, Pedro Albuquerque, sócio da TC, reforçou ao Valor Investe que não há queima de caixa excessiva, e que, por ora, a empresa gastou pouco do dinheiro captado no IPO em negócios bem pensados. “Queima de caixa é algo desconectado à realidade”, afirma.
Cade pede mais 90 dias para analisar venda da Oi Móvel (Nord Research)
Outra novela que ganhou novos capítulos é a compra da Oi por TIM, Claro e Vivo. Na terça-feira (26), a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) solicitou mais prazo para analisar a concentração que envolve a venda da Oi Móvel.
Se o pedido for acatado, o prazo final para o órgão decidir sobre o negócio entre as operadoras de telefonia passará de 18 de novembro deste ano para fevereiro de 2022.