A expressão “cruzada” originou-se do fato de seus participantes serem “soldados de Cristo”, marcados pelo sinal da cruz, ostentada em vermelho nas suas vestes. As cruzadas tiveram várias causas – econômicas, políticas, sociais – mas não se pode negar a importância fundamental do fator religioso. Na idade média pecado e crime eram sinônimos e com atos de penitência procurava-se conquistar as indulgências, evitando-se as “condenações eternas”. A forma mais popular de penitência era a visita a lugares sagrados, que freqüentemente continham relíquias de santos ou fragmentos de alguma peça de interesse religioso.
A primeira cruzada, em 1096 sob a orientação do papa Urbano II , procurava recuperar a Terra Santa, em poder dos “turcos infiéis”. Os cristãos não podiam tolerar a perda de Jerusalém e a proibição da visita ao Santo Sepulcro. A cidade, sagrada para judeus (o grande Templo de Salomão), cristãos (os eventos da Paixão de Cristo) e muçulmanos ( a ascensão ao céu de Maomé), até hoje é objeto de disputa entre as três religiões monoteístas. Várias cruzadas foram realizadas e de uma maneira geral não obtiveram os resultados esperados. A cruzada do rei francês Luis IX , oitava e última em 1270, foi um total fracasso, ocasionando centenas de mortes, inclusive a do soberano, posteriormente canonizado pelo Papa Bonifácio VIII em 1297. Luis IX construiu a magnífica Sainte- Chapelle em Paris para abrigar a coroa com espinhos de Cristo.
Sainte-Chapelle após o restauro I Fonte: Le Centre des Monuments Nationaux
As Ordens dos Templários e dos Hospitalários surgiram durante este período. Os cavaleiros templários, que haviam acumulado enorme fortuna, foram alvo da cobiça do rei francês Filipe IV, o belo, que exerceu forte pressão sobre o papa Clemente V, conseguindo a supressão da ordem. O seu último grão-mestre, Jacques de Molay, foi condenado a morrer na fogueira na Ile de la Cité, em local bem próximo à Catedral de Notre Dame, em Paris. De Molay lançou uma maldição contra o rei e o papa, condenando-os a prestar contas com Deus, o Juiz Supremo, até o final daquele ano. As últimas palavras do Grão-Mestre tornaram-se realidade: o papa morreu em abril de 1314, um mês após a morte de De Molay, e o rei em novembro do mesmo ano.
Nem tudo, no entanto, estava perdido. O intercâmbio entre duas civilizações, ocidental cristã e oriental muçulmana, a aquisição de novos conhecimentos médicos, científicos e matemáticos provenientes da cultura árabe, a expansão do comércio e uma maior tolerância religiosa entre cristãos e muçulmanos figuram como conquistas das cruzadas.
Sugestões
• Grandes Pecadores, Grandes Catedrais, livro de Cesare Marchi mostrando a grande importância das peregrinações e relíquias na Idade Média
• O Rei de Ferro, primeiro dos sete livros da série “Os Reis Malditos”, de Maurice Druon e filme com Gérard Depardieu