Tosca - não confundir com o jogador de efêmera passagem pelo Criciúma - ópera de Puccini, é a um tempo viagem por árias e músicas contagiantes e passeio por alguns pontos turísticos e históricos de Roma. A sua temática é romântica mas principalmente trágica, como muitas óperas, e também tem momentos de erotismo, como explanados no blog “O erotismo na ópera”.
O primeiro ato ocorre na Igreja de Sant’Andrea della Valle, bem próxima à Piazza Navona - com a bela Fonte dos Quatro Rios de Bernini - e ao Campo dei Fiori, animado mercado de rua dos dias atuais mas de triste passado. Ali foi condenado à fogueira o filósofo italiano Giordano Bruno. Na ópera, o pintor Mário Cavaradossi está concluindo o afresco da Madona e canta a bela ária “Recondita Armonia”, em que compara a beleza da Virgem pintada com a da sua amante Tosca, cantora lírica. O dueto “Mario, Mario”, que se continua até o belo final “Ah, quegli occhi” também é interessante.
No segundo ato Tosca canta no Palácio Farnese, atual sede da Embaixada da França, construído pelo papa Paulo III (Alessandro Farnese) com projeto de Antonio da Sangallo e Michelangelo. A ária “Vissi d´Arte” é o ponto culminante deste ato, onde Tosca, sempre dedicada à arte e à religião, lamenta a sua sorte de ter que se entregar aos desejos sexuais do poderoso Scarpia para salvar o seu amado Mário. A ária é considerada uma das mais belas de todo o repertório operístico para soprano. Na sequência da trama Tosca acaba matando Scarpia, salvando sua honra mas selando o seu destino.
No terceiro e último ato, Tosca encontra-se com Mário, prisioneiro no Castel Sant´Angelo por ter auxiliado um fugitivo político. A ária “E lucevan le stelle” antecipa o final trágico, bastante frequente no mundo da ópera: o pintor é executado e Tosca suicida-se.
O castelo foi construído pelo imperador Adriano para seu mausoléu mas durante a sua história foi prisão, palácio e abrigo de papas em conflito com os imperadores do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1527 as tropas de Carlos V invadiram Roma e o papa Clemente VII, membro da famosa família Medici, fugiu para o castelo através de um corredor que o liga aos aposentos papais. Neste episódio, protegendo a vida do papa, morreram 107 guardas suíços, contratados poucos anos antes pelo papa Júlio II (Giuliano della Rovere). Os coloridos uniformes da guarda, mantidos inalterados até hoje, foram concebidos por Michelangelo, que estava pintando o teto da Capela Sistina. O livro Anjos e Demônios, de Dan Brown, descreve o enorme Castel Sant’Angelo e o corredor, conhecido como “Il Passetto” pelos romanos.