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A volta por cima do Brasil passa pela proteína animal

Ex-ministro e presidente da associação do setor pontua reação à Covid-19 como razão para projeções otimistas ao futuro

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 27/05/2020 - 07:57 Atualizado em 27/05/2020 - 08:03
Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura, falou hoje à Som Maior / Divulgação
Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura, falou hoje à Som Maior / Divulgação

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"Nós entramos nesse processo todo com um vírus desconhecido, mas com nossa missão de produzir alimentos protegendo o trabalhador". Assim, o ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra, define a atuação das indústrias de carnes no Brasil durante a pandemia de Covid-19. "Estamos nos protegendo, com todos os protocolos e regras. No primeiro mês, deu tudo certo. Não tivemos caso algum, prova que o vírus não estava no frigorífico", lembrou, em entrevista ao Programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior, na manhã desta quarta-feira, 27.

Mas daí vieram os problemas. "Lá por 21 de abril teve um feriadão, as pessoas se afastaram, foram visitar parentes, mas de repente encontravam o vírus, voltaram, e uma planta, começou em Lageado, nesse meio tempo causou pânico, parecia para muitas autoridades que estavam acompanhando que a gente fosse imune, que não tivéssemos problemas", observou. "Procuramos cumprir essa missão, que é tão grande e não envolve apenas o frigorífico", reforçou.

"Tem que fechar, disseram algumas autoridades", apontou Turra. "Ok, se fecha todos com incidentes, vamos fechar tudo. Daí mostramos, quando houve aperto, que as empresas buscariam um remédio, que espantou a sociedade", recordou o presidente, apontando qual seria o caminho. "Seria você pegar e ter uma cova para enterrar 900 mil aves ao dia, de três frigoríficos parados, e quatro mil suínos. Você sabe o que significa isso durante 40 dias? Fazer esses abates sanitários, e ver que tem gente pobre que não teria acesso a essas carnes, pois é proibido. Causou uma comoção, as pessoas se uniram e achamos soluções adequadas", sublinhou. "Se eu não me cuidar, corre risco o meu emprego e a minha vida", lembrou, pontuando uma preocupação do período.

A indústria catarinense

O papel de Santa Catarina é lembrado pelo ex-ministro, que tem base no Rio Grande do Sul. "Santa Catarina tinha uma planta fechada ontem em Ipumirim, recomendei que tivesse o mesmo cuidado do Rio Grande do Sul", afirmou. "Santa Catarina é um estado especial, que sempre ficou livre de febre aftosa sem vacinação. Quando a gente abre um mercado novo como a Coreia do Sul, eles escolhem Santa Catarina, que goza de um conceito internacional incrível", relatou. "Se houver abate emergencial, teremos que explicar, já perde essa referência", salientou.

Turra citou Criciúma e a Plasson do Brasil como uma referência da cadeia da proteína animal. "Vocês têm uma indústria maravilhosa que é referência, a Plasson. Eles estão olhando para vários segmentos, desde fábrica de rações e medicamentos a alimentos, e está no aguardo desse desfecho", relatou.

Otimismo

"Acredito que em breve teremos remédios ou vacina. Não há mal que sempre dure nem bem que não acabe", afirmou o ex-ministro, sobre a pandemia. "Hoje se tivéssemos a decretação do fim, o setor inteiro teria 15 mil postos de trabalho, com espaço no mundo, justamente por ter cumprido bem a missão, aberto, realmente aberto. Na Ásia a peste suína africana continua dizimando o rebanho de suínos, a influenza aviária está na Europa e nos Estados Unidos", projetou, olhando o futuro com otimismo. "Os Estados Unidos diminuíram a produção de suínos e aves. A gente pode ocupar os espaços que eles ocupavam", destacou.

Turra vê a indústria da proteína animal como protagonista de um processo futuro de recuperação econômica do Brasil. "Quando passar tudo isso, vamos com certeza relatar o que o nosso setor vai poder ajudar a economia do país, será algo inexplicável e inimaginável. O setor é forte, distribui renda, onde estamos tem índices de desenvolvimento fabulosos. As cidades com melhores índices no Rio Grande do Sul têm a presença da nossa indústria", concluiu.

Ouça a entrevista do ex-ministro no podcast:

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