Ainda com a indefinição sobre a data de retorno, a Associação Criciumense de Transporte Coletivo (ACTU) faz os cálculos de prejuízos e prepara-se para recolocar os ônibus nas ruas assim que for determinado pelo governo do Estado. No entanto, o setor não será contemplado com a provável flexibilização que o governador Carlos Moisés (PSL) deve determinar no fim de semana, com possível retorno das atividades comerciais na segunda-feira, 13.
A estimativa da ACTU é de que terá deixado de transportar mais de 1 milhão de passageiros entre o dia 18 de março, quando foi suspensa a atividade devido à pandemia do coronavírus, até o próximo dia 12 de abril. Número que aumentará com a continuidade do decreto que proíbe a circulação dos ônibus pela cidade. Nesta quinta-feira, o prefeito Clésio Salvaro (PSDB) afirmou que entrará na justiça na semana que vem pelo retorno do transporte coletivo. Por outro lado, o secretário da Casa Civil do Estado, Douglas Borba, confirmou que o retorno dos ônibus não ocorrerá na segunda-feira, pois é uma atividade que apresenta risco devido à aglomeração de pessoas.
Apesar da sinalização positiva de Salvaro ao setor, o presidente da ACTU, Éverton Trento, afirma que não houve procura do poder público para tratar sobre a possibilidade do retorno dos ônibus às ruas. "Se a prefeitura está fazendo o trabalho na busca do retorno, eu desconheço porque não fui comunicado por ninguém", disse Éverton.
"Eu acredito que uma boa parte dos usuários não vão retornar ao transporte (imediatamente após a liberação). Vão priorizar ir ao trabalho com seus carros e motos, enfim. O que a gente pensa é em fazer ação conjunta, entre ACTU e prefeitura, no sentido de ter um apoio da guarda municipal, secretaria de Saúde e Educação, para fazer um estudo. Propor às escolas e universidades, comércio, indústrias, uma flexiblização de horários de início e término de aula e expediente, para quebrar esses horários", projetou o presidente da ACTU.
Os empresários do transporte estudam alternativas para iniciar a tratativa de volta da atividade com o governo do Estado. Em Criciúma, a ACTU propõe - além da flexibilização dos horários de trabalho e aulas (quando retornarem), que diminuiria o fluxo de passageiros nos horários de pico - a proibição de idosos nos ônibus nos horários de maior movimento, redução em torno de 50% de passageiros por veículo e autonomia aos motoristas para o embarque e desembarque de pessoas.
Até o momento, não há - ou não foi divulgada - uma avaliação econômica sobre o período sem atividades do transporte coletivo.
"Cada empresa tem seus custos. Temos em torno de 550 funcionários em todo o processo. Nossos custos estão aí estabilizados, mas nossa receita é zero. Não sabemos como fazer, mas estamos prontos a dar continuidade. Esse mês a gente deixou de pagar algumas coisas, estamos fazendo o pagamento dos salários dos funcionários. Vamos transformar parte desse período para serem utilizados em férias. Mas não temos como dar férias agora porque temos a insegurança de quando será o retorno. Estamos lutando para evitar demissões. Até agora não teve nenhuma", concluiu Éverton.