O mundo tem sofrido com uma nova onda de coronavírus. A intensidade da transmissão tem aumentado e um exemplo disso é a atual situação do sistema de saúde catarinense, colapsado. Um dos motivos que tem se apresentado para tanto caos é o surgimento de novas variantes da Covid-19.
Segundo o pneumologista, Dr. Felipe Dal Pizzol, os estudos feitos pela Fiocruz demonstram que no Brasil as novas variantes estão mais presentes no país do que o vírus original. Até o momento são quatro variantes conhecidas, sendo três delas mais disseminadas. A californiana, inglesa, sul-africana e a de Manaus. A primeira ainda está restrita ao seu país de origem, já as demais já foram encontradas em território brasileiro. Mas como elas surgiram?
Em entrevista ao programa Chega Mais, Dal Pizzol falou que mutações acontecem em todos os vírus, e são mais comuns nos que são semelhantes ao coronavírus e são conhecidos como vírus de RNA. Para se multiplicarem, os vírus dependem da estrutura das nossas células, mas nesse processo de multiplicação ocasionalmente as enzimas cometem erros. "Ao invés de colocar determinado nucleotídeo, que a gente chama tijolinho, nesse RNA eles trocam por um tijolo um pouco diferente. Dependendo do local do RNA onde esses tijolos diferentes são colocados, o RNA vai dar origem a uma proteína. E essa é a proteína do vírus, que vai montar efetivamente o vírus.", disse Felipe.
Essas mudanças são pequenas, não sendo suficientes para enquadrar o vírus em uma nova linhagem, por isso são chamadas de variantes. Ele também explicou que esses erros são aleatórios e com o aumento do número casos, a possibilidade de ocorrer alterações também aumenta. "São pequenas diferenças nas proteínas que eles fabricam que faz com que algumas modificações nas funções biológicas neles possam acontecer. Como ser mais infeccioso, ter maior letalidade, escapar do sistema imunológico, enfim, dependendo do tipo de variação.", falou Dal Pizzol.
As variantes são mais fortes?
Ainda não existem estudos suficientes sobre cada uma das variantes. Segundo Felipe, a variante inglesa é que se tem mais conhecimento, pois foi a primeira a ser identificada e descrita. As informações que se tem é que ela é sim mais transmissível do que o vírus que surgiu em Wuhan, e se estima que ela é 60% mais letal. Sobrea a variante de Manaus ainda não se tem muitos dados, mas o aumento exponencial de casos no Brasil indicam que possivelmente ela também é mais transmissível, ou seja, com uma exposição a uma quantidade menor do vírus já é possível se infectar.
Em relação à variante Sul-Africana, já foi comprovado, segundo Dal Pizzol, que a vacina Astrazeneca/Oxford não tem eficácia. Por isso o imunizante já não está mais sendo utilizado no local.