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De falta de ar a doenças cardiovasculares: o rastro deixado pela Covid-19 nos pacientes

Especialistas explicam quais são as sequelas mais comuns deixadas pelo coronavírus no organismo

Por Roberta Martins Criciúma, SC, 08/06/2022 - 16:22 Atualizado em 08/06/2022 - 16:30
Foto: Arquivo/ 4oito
Foto: Arquivo/ 4oito

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Com pouco mais de dois anos desde o primeiro caso de Covid-19 no mundo, muitas pessoas se queixam dos “rastros” deixados pela doença. Segundo o pneumologista Renato Matos, quase 40% dos pacientes que contraíram o coronavírus, mesmo não tendo sintomas graves, tem ou tiveram sequelas, sejam físicas ou psicológicas. 

Um dos sintomas mais comuns é a tosse, que pode persistir durante meses. "É irritativa e seca, difícil de ser controlada”, comenta o pneumologista. Além disso, é possível ter fadiga, desconforto respiratório e, inclusive, falta de ar para atividades menores que não exigem muito esforço. 

Em alguns casos, o paciente pode ter a “Síndrome da Covid Longa”, uma reação do sistema imunológico. “Essa condição começa, em algumas definições da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 30 dias a até 3 meses depois do quadro de infecção. São sintomas bem desagradáveis”, ressalta o pneumologista. 

Nos casos da Covid Longa, não há mais contágio da doença. “A vacina reduz a probabilidade dessa síndrome, mas não elimina completamente a chance”, reforça Matos.  

Sequelas neurológicas deixadas pela Covid-19

As sequelas não se restringem somente ao sistema respiratório. Até 40% das pessoas que tiveram Covid-19 apresentam perda de memória, além de raciocínio lento. De acordo com a neurologista Brunella Pupo, na grande maioria das vezes, esses sintomas já existiam, mas com chegada da doença, se agravaram. 

“Até quando isso é reversível ou não, é necessário um complexo estudo por trás. Mas é esperado que pelo menos de quatro a cinco meses, o paciente tenha alguma alteração neurológica, mesmo que muito pequena”, comenta Brunella.  

Não se sabe como isso acontece na fisiopatologia e o tratamento está em fases inicias. Em casos onde o indivíduo apresentar uma queixa como essa, é preciso investigar se existe outra situação por trás que esteja agravando o problema prévio do paciente. 

“Vejo muitos casos de dor de cabeça recorrente pós-Covid, dor muscular, alterações do olfato e paladar. Os estragos podem ser ainda maiores com o passar do tempo ou, até mesmo, com as mutações decorrentes, mas, na grande maioria dos casos, o paciente que tem os sintomas, melhora”, explica a neurologista.  

Insônia, depressão e ansiedade 

As sequelas psicológicas também não são poucas. Os principais casos envolvem a dificuldade de concentração, gerando confusão mental de grau leve. Problemas com o sono, depressão e ansiedade também são recorrentes. "Alguns pacientes desenvolvem sintomas psiquiátricos durante e logo após a infecção pela Covid-19. Esses sintomas podem persistir por meses”, destaca o psiquiatra João Quevedo.  

De acordo com o profissional, esses sintomas são mais comuns em pessoas que tiveram Covid-19 no início da pandemia, quando ainda não havia vacina e a internação era mais recorrente. “É muito cedo para dizer se é passageiro, pois tem pacientes com mais de ano com essas sequelas”, frisa.  

Problemas cardíacos também são identificados

O cardiologista Rogério Carlessi comenta que a Covid-19 pode aumentar a incidência de doenças relacionadas ao coração. "Principalmente, síndromes que envolvem fadiga e intolerância à postura, ou seja, quando, em pé, o paciente se sente numa situação de pré-desmaio. Na fase aguda, aumenta a probabilidade de complicações, com o infarto do miocardio e arritmias. Na fase crônica, ainda não se tem estudos a respeito da própria doença", explica.

É necessário que os pacientes que têm sequelas pós-Covid procurem um especialista. "A gente sabe que existe a possibilidade de complicações, como, por exemplo, insuficiência do coração e um grande número de miocardites", pontua Carlessi. "O indivíduo que teve um quadro grave, que tem uma chance maior de repercussão no coração, possivelmente, pode desenvolver doenças no futuro", finaliza. 

 

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