Na manhã desta sexta-feira (28) o promotor de justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Criciúma, Gustavo Wiggers, concedeu entrevista coletiva explicando detalhes da Operação Talento, na ONG (Organização Não Governamental) Multiplicando Talentos.
“Essa operação começou em 2015, a partir da denúncia de um ex-funcionário que nos procurou e relatou irregularidades na gestão. Nos reportou o pagamento por meio de cheque ao presidente da ONG, e esse foi o início da investigação”, contou.
O que chamou mais atenção foram os desvios realizados por meio de notas fiscais. Com a quebra do sigilo bancário descobriu-se movimentações suspeitas entre o presidente da ONG e sua empresa particular, o Instituto Coach Talentos, que prestava serviços para a ONG. Outro fator decisivo foi a contratação de profissionais que não exerceram as funções como indicavam.
“Identificamos também que muitas notas não batiam com produtos entregues ou serviços realizados. A Multiplicando Talentos tinha o costume de contratar profissionais por meio de notas fiscais, e identificamos que muitos desses professores nunca prestaram o serviço”, explicou Wiggers.
A partir de 2015 as atividades entre a empresa e a ONG se intensificam. A Coach firmou um convênio com o Caverá Country Park, onde cursos seriam realizados. Assim foi acertado a construção de uma casa no local, com a obra feita em três meses.
“Encontramos notas fiscais de lojas de materiais de construção, mas não havia nenhuma obra na ONG, então concluímos que a casa havia sido feita com dinheiro público”.
A juíza da 11ª Promotoria de Justiça de Criciúma, responsável pela área de moralidade administrativa autorizou a prisão preventiva do presidente da Multiplicando Talentos e outros oito mandados de prisão temporária.
“Estamos ouvindo pessoas que possam fazer esclarecimentos, vamos levar algum tempo ainda para esclarecer todos os fatos. O prazo para a denúncia é 10 dias”, concluiu.
Além disso houveram desvios em verbas do CASEPs e CASEs de Criciúma, Tubarão e Araranguá. Desvios somaram mais de R$ 1,5 milhões.