Há 132 anos, a luz do Farol do Cabo de Santa Marta era acendida pela primeira vez. Mais precisamente às 17 horas, seis minutos e 21 segundos do dia 11 de junho de 1891. A partir dali, o Farol, projetado pelos franceses Barbier Bernard e Turenne, mudaria para sempre a história de Laguna. Hoje, o local tornou-se mais do que um aviso aos navegadores e é também um símbolo turístico do Sul catarinense.
De acordo com o guia turístico, Julio Vicente, a região de Laguna recebia, já no século 16, muitos aventureiros que buscavam ouro e prata. O local, no entanto, acabava sendo bastante perigoso por conta das tempestades e de uma pedra próxima do Cabo de Santa Marta, que causou grandes naufrágios. “Foi justamente esse cemitério de navios e a fatídica pedra que levou a solicitação à Marinha do Brasil para que construíssem um farol para orientar os navegadores”, conta.
O projeto foi executado por uma companhia francesa. A mão de obra foi contratada nos arredores e a região ganhou seus primeiros moradores no ano de 1909. Entre os materiais, eles usaram pedra, areia e óleo de baleia para construir a torre. Os 142 degraus das escadas verdes sobem 29 metros em espiral por dentro do farol.
“A luz do farol acende às cinco da tarde desde 1891 e se apaga ao amanhecer com os primeiros raios solares. Cada farol tem um lampejo sequencial único. É isso que diferencia o Farol do Cabo de Santa Marta dos demais faróis. Além do sinal luminoso, eles captam o som do rádio e cada farol tem o seu”, explica Vicente.
A importância do Farol
O mar perigoso do século 19 obrigou a Marinha do Brasil a instalar um farol para orientar os navegadores. Nas noites escuras de céu limpo, a sua luminosidade tem um alcance superior a 85 quilômetros. Em 1941, o sistema que acende a lâmpada passou a ser elétrico. Mesmo com o avanço da tecnologia, o Farol de Santa Marta continua cumprindo o seu papel.
“Além da luminosidade e de receber dados da estação meteorológica do Brasil e da Antártida, hoje, com toda tecnologia existente, tanto a navegação marítima quanto aérea ainda usam o Cabo de Santa Marta como referência. Aqueles que vêm do Sul, quando encontram o Farol, abrem para o seu rumo, seja África, Europa ou América do Norte”, salienta o guia.
O feixe de luz vermelha do Farol, voltado para o sul, indica a posição exata da Pedra do Campo Bom, a Laje da Jagua. Esta traiçoeira formação rochosa foi responsável por afundar o navio de Giuseppe Garibaldi em 1839, durante a Revolução Farroupilha.
Características do Farol de Santa Marta:
- Inaugurado em 1891
- Alcance geográfico (visível durante o dia com tempo limpo): 22 milhas náuticas ou 40,7 quilômetros
- Alcance luminoso (à noite com tempo limpo): 46 milhas náuticas ou 85,1 quilômetros
- Altura da torre: 29 metros - Altitude: 74 metros
- Câmera de luz: formada por cerca de 300 cristais com 2,66 metros de diâmetro e 3 metros de altura. Lâmpada de 1000 watts - Característica: grupo de ocultação de três lampejos. No período de 30 segundos, fica 15 aceso; 5,5 apagado; 0,3 acesso; 3,4 apagado; 0,3 acesso e 5,5 apagado
- Como chegar: O Farol está a 20 quilômetros do centro de Laguna, ao sul, passando pelo canal da Lagoa Santo Antônio, pela balsa e utilizar a SC-100
Turismo
O Farol é administrado pela Marinha do Brasil. Antigamente, o local era aberto ao público e podiam subir grupos de até 10 pessoas. Depois, passou a ser proibido. Recentemente, foi liberada a visitação dentro do Farol, com restrições. Porém, é preciso agendar previamente pela Capitania dos Portos, por meio de e-mail.
“Aconteceu que, nessas subidas e descidas, as pessoas colocavam a mão no globo ótico. E a nossa mão é oleosa. A oleosidade causava problema na lente. Chegaram até a dar luvas aos visitantes. Alguns turistas quebravam um pedacinho do cristal para recordação. A partir de então, foi proibida a subida”, esclarece o guia.
Além da torre de 29 metros de altura, o Farol de Santa Marta é rodeado por belezas naturais e atrações gastronômicas. De cima do morro onde está a estrutura é possível ter uma vista privilegiada do Cabo de Santa Marta e arredores. As praias da região são favoráveis para os amantes do surfe.
É um lugar bastante enigmático, romântico e tem uma vibração positiva. É muito buscado artistas, músicos, escritores e poetas. Por isso é o lugar mais rotativo da temporada de veraneio de Laguna. O pessoal costuma vir para o Farol no fim da tarde. Ali tem vários bares com música ao vivo. À noite, é muito romântico com a luz contornando o Morro do Céu. É o melhor ponto do verão de Laguna.