A meliponicultora, criação de abelhas sem ferrão, é uma modalidade que vem crescendo em Santa Catarina. As abelhas nativas, que estavam entrando em extinção, passaram a ser criadas por meliponicultores que difundiram a espécie na região. Fazendo parte da fauna silvestre, o Ibama passou a regulamentar a criação desses insetos, ação que não agradou os meliponicultores.
“Nós temos uma lei estadual que regulamenta a criação e o comércio dos produtos e subprodutos da meliponicultura. Porém, acabaram fazendo uma resolução que deixou essa regulamentação para o Ibama, como sendo algo de fauna silvestre”, explicou o membro da Associação de Meliponicultores da Região Carbonífera (Amerc), Henrique Bonetti.
Quando a atividade é regulamentada por um órgão ambiental, como o Ibama, ela acaba sendo uma atividade com finalidade ambiental, sem finalidade de renda. Quando passa a ser administrada pelo Ministério da Agricultura, a menipolicultura é vista como uma atividade de produção agrícola e as Empresas de Pesquisa Agropecuária investem na área pois ela gera renda para o Estado.
O meliponicultor justificou que o Ibama deveria regulamentar as abelhas que estão na natureza e não aquelas que estão sendo criadas e reproduzidas. “Eles querem vir no nosso meliponário, fiscalizar nossas abelhas, que a gente investiu, não é extrativista, a gente não tira da natureza”, disse Henrique.
Atividade meliponária
A meliponicultura não é algo recente no Brasil. Já se tratava do segmento desde 1.500, quando se produzia velas a partir da cera da abelha sem ferrão. Porém, ao decorrer dos anos, com a entrada do desmatamento e o extrativismo, foi se acabando. Hoje, graças aos criadores e à crescente expansão da atividade e do comércio dessas abelhas, há um volume bastante expressivo na região Sul do Brasil.
Segundo o meliponicultor, em Criciúma, existem, aproximadamente, 200 criadores de abelhas sem ferrão e, no estado, são mais de seis mil. “Fomos nós que começamos a difundir as abelhas, que já eram quase extintas do bioma brasileiro e, graças a nossa força de vontade de reprodução nos meliponários, hoje, já temos um volume expressivo de abelhas sem ferrão”, contou.
Meliponicultor e apicultor
O meliponicultor é o criador das abelhas do gênero meliponini e trigonini, abelhas nativas sem ferrão, também conhecidas como abelhas indígenas ou meliponíneos.
E o apicultor cria as abelhas Apis melíferas, para fins de produção de mel, pólen apícola, própolis, cera de abelhas, geleia real e apitoxina ou para serviços de polinização. “Aquelas abelhas que geralmente todo mundo conhece, elas possuem ferrão e são até perigosas”, relatou.