O cenário político catarinense tem um nome novo: o desembargador aposentado e ex-juiz, natural de Tubarão, Lédio Rosa de Andrade, que deve concorrer a um cargo nas Eleições de 2018 pelo Partido dos Trabalhadores. Na manhã de hoje ele esteve no Programa Adelor Lessa contando sobre sua decisão de entrar para a política e filiar-se ao PT.
“Esta foi uma decisão importante. Eu digo que esta pode ter sido a decisão mais difícil que tomei na minha vida. Neste momento de crise entrei na parte partidária e troca de vida completamente. Hoje não existe nenhum partido, salvo aqueles que nunca estiveram no poder, que não tem problemas graves. Se for fazer uma pesquisa sobre os partidos mais corruptos no Brasil, você não encontra o PT nos primeiros lugares”, contou.
Andrade diz que hoje em dia há um dilema sobre ir ou não para a política. “Todo mundo cobra que a política precisa ser renovada, precisa de nomes novos e de gente honesta. Eu me considero uma pessoa honesta e nova. No Brasil você não pode participar da política sem um partido. Então por que não no PT?! Qualquer outro partido está cheio de corrupção. Aqui em Santa Catarina, por exemplo, não temos ninguém do PT envolvido em processo da Lava Jato e pessoas de outros partidos envolvidos com escândalos de milhões. Perguntem porque eu entrei no PT. Eu pergunto: em qual eu entraria?! Qual partido 100% limpo que posso entrar?!”, explicou.
O desembargador conta que escolheu o PT por ideologia, por ser uma pessoas “de esquerda”. “Eu levo a sério meu pensamento, minha ideologia. Eu não posso entrar no partido de direita por oportunismo. Porque eu respeito a forma que eles pensam o mundo, mas não penso igual. Eu vou para um partido que, pelo menos, tenha uma coincidência ideológica”, esclareceu.
O petista conta que quando entrou no partido recebeu convite para ser candidato ao Governo do Estado. “Eu disse para o presidente do Partido, Décio Lima, que entrar no partido já com cargo ou exigindo coisa era a pior coisa que eu poderia fazer. Eu mesmo sugeri que déssemos um tempo para que as pessoas fossem me conhecendo e depois, com certo profissionalismo, vamos ver no que eu posso ajudar mais”, revelou.
Judiciário
O desembargador falou ainda na entrevista sobre a falta de visibilidade sobre o Poder Judiciário. “Tenho que tomar certo cuidado e as manchetes que saem depois sempre é como se eu estivesse querendo destruir o Poder Judiciário. Se pinça a metade de uma frase e se publica como se fosse o resumo do meu pensamento”, contou.
Andrade destacou que o Judiciário tem feito um bom trabalho, mas uma parte tem feito um trabalho deletério. “Sempre fui a favor de uma tremenda transparência do judiciário. E isso está começando aos poucos. Temos que avançar muito mais nisso, porque a população não discute política judiciária”, revelou.
O desembargador disse que as pessoas normalmente não procuram saber quem é o juiz de sua cidade. “É uma concepção antiga achar que o juiz é apolítico e neutro. Não é bem assim que funciona. A postura e a ideologia dele também é fundamental”, contou.
Lava-Jato e Sérgio Moro
Andrade disse que, em sua opinião a Operação Lava-Jato começou bem, mas se desvirtuou. Já sobre o juiz Sérgio Moro, o desembargador disse que ele começou bem, mas “se perdeu”. “Acho que o estrelato tirou a função de juiz dele e jogou-o no campo de uma política até partidária, eu diria”, revelou.
Eu posso dizer, com 35 anos de magistratura, o Moro não está sendo imparcial como todo Juiz tem que ser
O desembargador contou que já condenou muitas pessoas, mas eu se tivesse envolvimento com sentimento em relação ao réu, ele deixaria de julga-lo. “Você não pode julgar uma pessoa com preconceito. E, lamentavelmente, isso está acontecendo no Brasil e a questão do Lula é emblemática. Eu sempre dizia aos meus alunos na UFSC, antes mesmo de se ouvir testemunhas ou ser feita a produção das provas, que o Lula já estava condenado, a sentença já estava anunciada. E se isso acontece com Lula, João ou Maria está errado. Nós precisamos de um juiz imparcial. Então acho que o Moro deu uma má lição ao país e isso vai ter consequências”, disse.