Está concluído o inquérito da Operação Tweed, que foi instaurado em junho do ano passado. São mais de 600 páginas de depoimentos, análises de documentos e resultando no indiciamento de seis pessoas envolvendo irregularidades na gestão da APAE de Lauro Müller. Entre os crimes relacionados pelos denunciados estão coação, injúria racial, peculato desvio, peculato apropriação, inserção de dados falsos em sistema de informação pública e tráfico de medicação controlada.
"Foram meses de investigações, instauramos o inquérito em junho do ano passado, e cumprimmos sete mandados de busca e apreensão e dois de afastamento cautelar de funções públicas", lembra o delegado Ulisses Gabriel, da delegacia de Orleans, que comandou as investigações. A operação teve o apoio do Instituto Geral de Perícias (IGP) e do Ministério Público (MPSC).
A investigação surgiu de uma notícia crime anônima repassada ao MPSC contra o então presidente da APAE de Lauro Müller. Na coleta dos depoimentos, apurou-se que o denunciado abastecia seu carro particular com dinheiro da instituição, além de usar telefone celular pago pela APAE. Servidor da entidade lavava o seu carro e fazia compras particulares nos mercados de Lauro Müller também às custas da APAE. Foram agregados aos autos uma nota fiscal de dezembro de 2018, no valor de R$ 1.219,38, época em que a APAE estava sem atividades, bem como outra de janeiro de 2019 no valor de R$ 6.116,24, época em que a entidade também encontrava-se em recesso.
Abaixo, a lista de crimes investigados contra a APAE. Alguns deles envolvem mais pessoas além do presidente:
- abastecimentos irregulares em veículos particulares na conta da APAE em um posto de Lauro Müller;
- conserto de veículo da APAE em uma oficina de Orleans com pagamento superior ao de mercado;
- tráfico de medicamento controlado Ritalina;
- desvios de alimentação da APAE de Lauro Müller;
- fraude ao Sistema Único de Saúde com inserções de atendimentos indevidos;
- compras indevidas em mercados de Lauro Müller, inclusive de leite, em quantidade excessiva à demanda, ainda mais se tratando de um produto que a entidade recebe por doações;
- uso indevido da linha telefônica da APAE;
Além do presidente, foram alvos da investigação duas servidoras da entidade e um diretor da Federação das APAEs. Houve, durante a operação, apreensões de documentos, celulares, computadores e cartelas de ritalina.
O "Tweed" do nome da operação diz respeito a um caso de superfaturamento em obra pública nos Estados Unidos no século 19. O prédio do Tribunal do Condado de Nova York, inaugurado em 1881, custou o dobro do valor que os Estados Unidos pagaram pela compra do Alasca. Os desvios foram atribuídos a William Tweed, que era conhecido como "chefe Tweed". Na fraude, apontou-se que um carpinteiro chegou a receber o equivalente a 5 milhões de dólares por 30 dias de serviço.