Quando 2024 começou, nem eu – nem você – poderíamos imaginar tudo o que estava por vir durante o ano em Criciúma que, não bastasse apenas ser Criciúma, ainda teria uma eleição municipal para enfrentar. Digo isso porque Criciúma – a gente costuma brincar – tem uma autoestima de dar inveja a muitos leoninos. Tudo o que acontece aqui é hiperdimensionado. Na política, não é diferente. Dessa forma, acionei o santo protetor dos jornalistas e pedi um milagre a ele: ajudar-me a escolher três fatos políticos que mais marcaram a cidade neste ano que está terminando. São Francisco de Sales (o protetor :D), me ajudou e o #top3 ficou assim:
#Top1: o primeiro fato foi em abril quando o PSD trocou de candidato na corrida pela vaga de prefeito. Quem vinha carregando a bandeira de pré-candidato até então, era o fiel escudeiro do prefeito Clésio Salvaro, o Arleu da Silveira. Desde 2022 e com mais ênfase em 2023, Arleu era tratado como o sucessor de Clésio. Ele foi o nome abençoado pelo prefeito pra ir as urnas em seu lugar, já que Clésio não poderia concorrer por já ter cumprido dois mandatos consecutivos. Só que a eleição em Criciúma ganhou ares de guerra quando o deputado federal Ricardo Guidi anunciou que deixaria o partido (à época, o PSD) e que iria concorrer a prefeito. Guidi era o único nome capaz de ligar o sinal amarelo na disputa, já que Clésio, bem avaliado como gestor público, tinha larga vantagem na indicação de um nome para substitui-lo. As pesquisas internas do Paço municipal foram determinantes para uma mudança nos planos iniciais. Com Guidi apontando vantagem sobre Arleu, o PSD tomou uma decisão que mudou o resultado da eleição. Substituiu Arleu da Silveira por Vagner Espindola, um nome defendido pelo deputado estadual Julio Garcia, o grande vitorioso na eleição de Criciúma. A substituição ocorreu dias após o maior evento do PSD em Criciúma, naquele fatídico 6 de março. (Para relembrar, clique aqui). A partir daquele momento, a disputa ficou cada dia mais acirrada e tinha um componente extra: a determinação do deputado estadual Júlio Garcia de vencer a eleição. Aí você se pergunta: “mas porque ele queria tanto vencer em Criciúma, já que o partido tinha candidatos em outras cidades do Sul mas não tinha o mesmo empenho dos seus deputados, a exemplo de Urussanga, onde Jair Nandi, do PSD, ficou em 3º lugar? Porque em criciúma, a disputa não era só pela cadeira de prefeito. Era também uma queda de braço entre Júlio e Guidi.
#Top2 O segundo fato mais importante da política criciumense esse ano foi a prisão do prefeito Clésio Salvaro. Esse fato pegou a todos de surpresa, já que Clésio, como mencionei anteriormente, vinha embalado de uma reeleição inquestionável, com muita vantagem sobre seus adversários e com avaliação de seu governo beirando os 80%. Ver o principal líder político de Criciúma ser preso, deixou os criciumenses em dúvida sobre os caminhos que levaram à prisão. O fato, que ocorreu durante a campanha, sensibilizou o eleitor e o que era um fato ruim, virou voto. A campanha de Ricardo Guidi derreteu e Vagner Espindola se consolidou na preferência do eleitor que via nele uma espécie de voto de protesto para #JustiçaPorSalvaro. O prefeito ficou preso pouco mais de um mês, e embora tenha entrado pra história como o primeiro prefeito preso de Criciúma, também viu seu indicado assumir o primeiro lugar nas pesquisas.
#Top3 O terceiro fato mais importante do ano foi, sem dúvida, a eleição de Vagner Espindola. Vaguinho começou o ano como pré-candidato a vereador e vinha cuidando da sua pré-candidatura com tranquilidade mas, quando foi acionado para ser o novo candidato de Clésio, não titubeou e aceitou a missão. Sabia que tinha pela frente uma disputa acirrada e sem nenhuma garantia de vitória. Vaguinho vestiu o personagem ideal para a disputa e se sagrou vencedor nas urnas. O novo prefeito da cidade toma posse daqui há dois dias e sabe que terá muito trabalho pela frente.
Criciúma, inegavelmente, amadureceu muito durante esse processo eleitoral. O eleitor também amadureceu e está mais criterioso, mais questionador. O prefeito eleito terá alguns desafios importantes como cuidar da saúde do caixa da prefeitura, embora ele tenha tido bem mais sorte que Clésio Salvaro quando eleito há 8 anos. Vaguinho pega uma cidade funcionando, ainda que com marcas bastante profundas de tudo que aconteceu aqui em 2024. Ah, sobre o Arleu, que ficou pelo caminho ainda no primeiro semestre: ele está anunciado pré-candidato a deputado estadual com apoio de CLesio Salvaro e Julio Garcia. Mas até o momento não foi chamado para compor o novo governo municipal.