A estreia do humorista Marcelo Adnet como compositor de samba enredo deu o tom da noite de segunda-feira, 24, na Marquês de Sapucaí. No empolgante desfile da São Clemente, que apresentou o enredo "O Conto do Vigário", Adnet imitiu Jair Bolsonaro, levando os trejeitos, as cores na roupa e até flexões ao melhor estilo do presidente. Caiu nas graças, de apoiadores e também de contestadores do atual governo.
As fake news estavam no pano de fundo do enredo defendido por Adnet e seus colegas compositores da São Clemente. "É um samba que propõe uma virada de esperança no final. Eu estou muito feliz com o desfile. Eu dei tudo de mim. Estou acabado", defendeu, em entrevista reproduzida pelo portal G1.
Não demorou e o presidente Bolsonaro voltou, na vida real, a aprontar das suas. Nesta terça de Carnaval, ele compartilhou um vídeo no qual convoca para o ato de 15 de março, um movimento que vem sendo organizado por movimentos e grupos de direita e que conta, entre suas bandeiras, com um protesto contra o Congresso Nacional. No vídeo compartilhado via WhatsApp, Bolsonaro apresenta uma narrativa que começa questionando "Porque esperar pelo futuro se não tomarmos de volta o nosso Brasil? Qual futuro desejamos para nossos filhos e netos? Basta. O Brasil só pode contar com você. O que você pode fazer pelo Brasil? Todo poder emana do povo. Vamos resgatar o nosso poder. Vamos resgatar o Brasil".
Com o hino nacional instrumental de fundo, segue o texto: "Juntos somos mais fortes. Somos capazes sim. E temos um presidente cristão, patriota, capaz, justo e incorruptível, que sofre e luta por esta Nação. Dia 15 de março mostre que você é patriota, ama o Brasil e defende o presidente Bolsonaro. Dia 15 de março, todos juntos em favor do Brasil".
A postagem gerou uma forte reação em cadeia nas redes sociais. Da madrugada passada em diante, avolumaram-se respostas com a hashtag #impeachmentdeBolsonaro. De anônimos a artistas e políticos de esquerda, esses anti-Bolsonaro vão multiplicano críticas. Em contraponto, os bolsonaristas engrossam a lista dos que serão alvos dos protestos do dia 15, mencionando políticos e gente que não se alia ao presidente.
O Carnaval mal acabou e o caldeirão já está fervendo. De novo.