Não há quem já não tenha pensado em um futuro em que tudo é feito por robôs. O filme da Disney Pixar, Wall-e, exemplifica muito bem essa situação. Nele, os seres humanos já não vivem mais no planeta Terra e moram em uma espaçonave, onde todas as atividades são realizadas por máquinas.
Há também aquela clássica imaginação de carros voadores, estradas automotizadas, sem trânsito algum e com tudo muito ágil. Pois bem, esse contexto não está tão longe assim, pelo menos não para os jovens de Santa Catarina. No último fim de semana, a Escola S de Criciúma sediou a etapa estadual do Torneio SESI de Robótica FLL (First Lego League), competição de alunos do Ensino Fundamental e Médio.
A proposta? Buscar soluções logísticas para o trânsito. Claro, não havia veículos voadores, nem ruas rolantes. Mas, criatividade não faltou para os estudantes catarinense no torneio. Essa imaginação juvenil foi exaltada pela supervisora educacional da Escola S criciumense, Gabrieli Felipe.
"O tema desta temporada é Cargo Connect, ou seja, os alunos precisavam pesquisar quais os problemas que nós temos que envolvam logística e propor uma solução. É um desafio, porque problemas temos muitos. Eles tinham que escolher um problema e propor uma solução. Cada uma das equipes estão propondo uma solução. Olha que bacana! São soluções propostas por jovens, que muitas vezes são viáveis", orgulhou-se ela.
Além da criatividade, a gerente regional Sul e Litoral Sul do Sesi/Senai, Graziela Branco, enfatizou que a competição não é simplesmente a montagem de máquinas automatizadas, postas à prova para avaliação técnica de jurados.
"Independemente da profissão que esses jovens escolherão no futuro, os princípios da robótica e da programação estarão inseridos. Então, esse torneio é muito mais do que apenas programar robôs. Nós trabalhamos um conjunto de habilidades que eles precisarão, como empreendedorismo, inovação, soluções criativas de problemas, gestão do tempo, pensamento crítico e comunicação", explicou.
Participar do campeonato foi um sinônimo de conquista para os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jorge da Cunha Carneiro, de Criciúma. A instituição foi a única pública a representar a Capital do Carvão no Torneio SESI de Robótica FLL. O estudante Vinícius Mendes, de 14 anos, um dos membros da equipe escolar, não escondeu o orgulho de estar na competição, cujo foco já está nos planos futuros dele.
"É uma felicidade muito grande, porque a maioria é constituída por escolar particulares e estar aqui, como escola pública, é uma felicidade muito grande. Eu comecei [na robótica] ano passado, quando começou na escola, e, provavelmente, eu vou fazer alguma coisa relacionada à mecatrônica ou à robótica", afirmou ele.
O professor que acompanhava a equipe da EMEF disse que foi motivo de alegria a escola ter sido convidada para o torneio, já que o projeto municipal de robótica na educação municipal iniciou somente em 2021.
"Foi a primeira vez da escola, visto que o projeto de robótica começou no ano passado. Foi onde os alunos começaram a criar o interesse e hábito para o uso da tecnologia. Tivemos a honra de sermos convidados para participarmos. A equipe estava bem focada, foram sete competidores, de 12 a 14 anos, representando a escola e o município. Eles estavam muito animados, focados e agradecidos por participar do torneio", comentou Vidal Santos.
O sentimento de se fazer presente em uma competição como essa estava demonstrado nos olhos de cada adolescente. A Rebeca Silva, de 16 anos, da equipe campeã Techmaker, da Escola S, de Blumenau, garantiu que jamais vai se esquecer de ter conquistado a vaga para a etapa nacional.
""É uma experiência totalmente nova, a gente não espera. O importante é a experiência e como podemos ser recompensados. O amor que sinto e a família que construí, que é a equipe, me motiva a lutar e treinar todos os dias para ganhar o primeiro lugar. Isso encanta, motiva e anima. Chegamos até aqui sendo uma família e continuaremos sendo no nacional", falou.
Depoimentos como o de Rebeca e de Vinícius expõem a vontade desses jovens em fazer diferente. Estar ali já foi uma vitória para ambos, o que mostra que, assim como os robôs, eles também são o futuro.
O funcionamento da competição
Nesta etapa do Torneio SESI de Robótica FLL, participaram 37 equipes de Santa Catarina. Destas, somente seis se classificariam para o nacional, que acontece em maio, durante a Bienal, em São Paulo. Os participantes eram separados por chaveamento e rodavam entre quatro partes da competição.
Segundo o juiz Kevin Ghizzi, os pontos de avaliação eram a Arena, a Sala de Design de Robô, Inovação e Pesquisa, e o Core Values. Em cada um deles, certos aspectos eram analisados. No Core Values, avaliava-se a integração da equipe. Na Inovação e Pesquisa, a solução era o foco da análise. Na Sala de Design, é mais do que evidente o que era avaliado.
A Arena era a etapa mais objetiva do torneio, já que ela era baseada em pontos. De acordo com Ghizzi, foram apresentadas missões para as equipes, que tiveram 2min30s para cumprir o máximo possível, dentro de sua estratégia. A mesa, palco da execução dos objetivso, dessa edição tinha uma pontuação máxima de 680 pontos.
Ao final de cada uma das quatro partes, os juízes delas se reuniam entre si e deliberavam uma nota. Assim que definido isso, todos os árbitros faziam a média dos estágios disputados e elencavam a equipe classificada.
Resultados do Torneio SESI de Robótica FLL
Champion's Awards (classificadas para a fase nacional da competição):
1º Techmaker, da Escola S, Blumenau
2º Tecnorob Evolution, da Escola S, Brusque
3º Carvoeiros Robots, da Escola S, Criciúma
4º Agrorobots, da Escola S, Concórdia
5º Robobaio, da Escola S, Lages
6º Riobots, do Centro Educacional Pref. Luiz Adelar Soldatelli, Rio do Sul
Suplentes:
XT100Fast, da Escola S, Jaraguá do Sul
AnonymousRob, do Colégio Coração Feliz, Tubarão
Databot, do COC, Rio do Sul
Los Titãs, do Centro Educacional Pref. Luiz Adelar Soldatelli, Rio do Sul
Confira mais fotos do Torneio SESI de Robótica FLL: