Nunca tivemos tantas opções na vida! É impressionante!
Lembro até hoje de uma televisão antiga que meu pai tinha, que acabou, em algum momento da vida, indo parar no meu quarto. Além da lateral em madeira e o chiado caracteristico, me chamava atenção nela a pouca opção de canais. Completamente analógica, ela tinha 8 botões, cada uma para um canal.
Era isso… Oito canais era o máximo possível na época em que ela foi lançada.
Se puxarmos na memória, na década de 90, o que tínhamos de opção eram as emissoras de TV aberta, que eram principalmente:
GLOBO
SBT
BANDEIRANTES
RECORD
CULTURA
MANCHETE (não tenho certeza)
Era isso… Cabia na Telefunken velha de guerra.
Depois veio a TV a Cabo, que por muito tempo, aqui pelo menos, ia até por volta do canal 40, depois 61 e foi aumentando para as centenas que temos hoje.
Saindo das emissoras, mas ainda na coimunicação visual, tínhamos as locadoras de vídeo. Era normal terem centenas de opções de “fitas” para escolhermos, mas era aquilo que tinha ou nada. E eram poucos os lançamentos. Hoje são dezenas de lançamentos por mês, e outra infinidade de plataformas diferentes.
O mesmo vale para… calças jeans. E o caso virou um livro sobre o tema. O Paradoxo da Escolha, de Barry Schwartz, que apresentou esse caso no TED Talks abaixo.
O “é o que tem pra hoje” está cada vez mais ausente no cotidiano. E, sinceramente, faz falta, não?
Você já comparou planos de operadoras diferentes de telefonia? Antes era uma só, e o telefone ficava preso numa mesa.
Pra internet, a mesma coisa. Tinha um provedor local, talvez dois, e o mesmo número de nível nacional. Hoje, só na Bolsa de Valores brasileira, temos QUATRO!
- UNIFIQUE
- BRISANET
- DESKTOP
- OI (que está vendendo a operação de telefonia móvel)
Quantas vezes você já se pegou depois de meia hora procurando um filme para assistir entre as opções da plataforma?
Ou pior… Esse mesmo tempo escolhendo entre as próprias plataformas… Netflix, HBO, Amazon, Now, Disney Plus,…
Como dito pelo autor no vídeo anterior, o excesso de escolhas, além de não melhorar, piora a vida das pessoas.
Ao termos muitas opções, cobramos que o escolhido seja perfeito. Pelo excesso de opções, aumentamos a expectativa e, quanto maior a expectativa, maior a frustração.
E menor o engajamento, também!
O economista e comunicador Samy Dana, que foi a primeira pessoa que vi tratando desse paradoxo, usou como exemplo também os relacionamentos de pessoas famosas.
Quando se está nos holofotes, o assédio é grande.
Assédio grande cria várias opções
Várias opções criam alta exigência
alta exigência dá pouca margem para falhas e defeitos do outro.
Essa pouca margem torna instaveis e frágeis os relacionamentos, causando uma espécie de rotatividade.
Pra ilustrar em números o tema, você sabe quantas escolhas fazemos por dia? 35 mil!
Mas o que eu faço com essa informação?
Se você tem um negócio, entenda que produtos você mais quer oferecer e identifique aqueles que podem ser retirados do cardápio.
Eu recomendo sobre esse ponto, inclusive, que você leia o que escrevi sobre o Princípio de Pareto.
Se você é cliente ou usuário, saiba dessa armadilha mental e tente mitigá-la. Reduza previamente, e conscientemente, as opções que irá avaliar sobre um produto ou serviço. Isso trará facilidade e felicidade.
E, por fim, vamos à resposta da questão que iniciou esse video: o que tem a ver Cebolinha, Steve Jobs e Mark Zuckerberg?
Eles usam sempre a mesma roupa.
E fazem isso por escolha própria.
A escolha própria de, numa questão tão banal, não ter o esforço de escolher.