Temos quase 40 trilhões de bactérias em nosso organismo – mais do que o número de células – que são fundamentais para o funcionamento normal dos diversos sistemas orgânicos.
Essas bactérias, outros microrganismos e trilhões de células vivem em perfeita sincronia.
Todos reconhecidos como “amigos” pelo sistema imunológico.
Fora desse grupo, novos agentes etiológicos, ou mesmo células defeituosas, são rapidamente reconhecidos e sofrem implacável perseguição pelas células do sistema de defesa.
São diversas células especializadas que atuam por mecanismos aprimorados ao longo de bilhões de anos de evolução da espécie.
Não são apenas os anticorpos que participam da batalha. Dosá-los para avaliar a sua imunidade é como querer julgar a qualidade de um time de futebol conhecendo apenas os volantes.
As células do sistema imunológico, após fazerem o seu trabalho, ficam de prontidão por mais algum tempo na corrente sanguínea e depois se recolhem com as informações guardadas em células de memória.
Assim estão prontas para serem recrutadas e ativar todo o sistema em caso de novo contato com o agente previamente mapeado.
O sistema de defesa pode ser estimulado pelos germes “in natura” – com todos os riscos associados à infecção – ou pelo agente inativado.
Também há a possibilidade de que a resposta imunológica seja induzida por pedaços do agente agressor - como a proteína Spike, que dá o aspecto de coroa ao SARS-CoV-2.
As eficientes e seguras vacinas da Pfizer, AstraZeneca e Janssen oferecem sequências genéticas que fazem com que a célula produza essa proteína.
Ao ofertarem apenas uma proteína, correm o risco de perderem parte de sua eficácia caso haja nelas uma mudança substancial – como vimos com a variante Ômicron.
Melhorando as boas vacinas
O SARS-Cov-2 possui 29 proteínas em sua estrutura, algumas delas passíveis de serem utilizadas na formulação de vacinas.
As atuais vacinas ainda estão usando as informações obtidas da proteína Spike do vírus original de Wuhan.
Desde então, essa proteína sofreu dezenas de mutações - só na Ômicron, 32.
A Pfizer já anunciou para março deste ano uma vacina adaptada para a Ômicron.
Mas está na hora de termos vacinas mais polivalentes, tendo como alvo diversas proteínas – vacinas pan-coronavírus, como são chamadas.
As vacinas da gripe possuem 3 ou 4 cepas diferentes da Influenza A e B, escolhidas anualmente de acordo com as variantes mais prevalentes.
Assim, esperamos que venham as novas vacinas contra a Covid-19. Talvez anuais, mas sem essa necessidade de reforço a cada 4-6 meses. As vacinas atuais são fantásticas, comprovadamente seguras e eficientes.
Salvaram e salvarão milhões de vidas.
Mas podem e devem ser melhoradas.