Minha mãe, “dona” Lourdes dizia: “o Pepê sozinho é uma festa, ele enche o salão”.
Pedro Paulo Mendonça Mendes, lagunense de nascimento, araranguaense por opção.
Profissão: dentista.
Marca principal: fazer rir.
Um exímio contador de piadas, mestre nas pegadinhas.
Na semana passada, o Gregorio Silveira, jornalista da Som Maior e do 4oito na AMESC, colocou no ar o médico Eloir Ribeiro para falar sobre o andamento das obras do hospital da Unimed em Araranguá, e tive que rir. Não da entrevista, claro. Mas das histórias que o Pepê contava do “dr Ribeiro”.
Estavam sempre juntos. Unha e carne.
Os dois, e mais Chico Viegas, Tadeu Leite, Everton Tournier, Edgar Serrano.
Todos médicos, ele dentista.
E tinha o Zeca Paulo, amigo irmão. E todo o time da AABB.
Pepê tinha facilidade em fazer amigos.
Quando o Criciúma foi campeão da Copa do Brasil, o governador Vilson Kleinübing fez um churrasco no Palácio residencial da Agronômica para homenagear jogadores e dirigentes.
Imprensa da cidade convidada, ele foi comigo. Era apaixonado pelo Tigre.
Ele nunca tinha chegado perto do Kleinübing. Mas, minutos depois de chegarmos no local, ouço aquela voz alta “parecida" com a do Pepê e olho para um canto do salão.
Pois lá estava ele “agarrado" ao governador e os dois às gargalhadas. Fazendo um “rodízio" de piadas e causos divertidos.
Num 1º de abril, ele deixou a sogra quase louca.
O telefone bateu e o funcionário do supermercado perguntou: “a senhora quer que eu entregue os pastéis antes do meio dia?”.
“Mas que pastel? Eu não pedi pastel”, retrucou a sogra.
“Como assim, a senhora fez aqui um pedido de mil pasteis que já estamos providenciando, e só ficou a dúvida se temos que entregar agora ou prefere um pouco mais tarde”, confirmou.
E ficaram por minutos no telefone.
Até que ele entra em cena: “1º de abril, minha sogra!”.
E ele se divertiu naquele dia, nos outros dias do ano, e em todas as festas da família.
A sogra adorava. Entrava no clima.
Outro dia, na praia, durante o verão, tinha um whisky importado, daqueles caros, para tomar na casa do cunhado.
Ele apareceu de smoking. “Um whisky assim, só em traje de gala”, justificou.
Mais um detalhe: do traje tradicional do smoking ele estava só com o casaco e a gravata borboleta.
No mais, sem camisa, bermuda e chinelo.
Fico pensando que ele provavelmente estaria “matriculado" nessa onda do beach tennis.
Porque adorava jogar vôlei de praia (durante bons anos era ele quem montava a quadra na beira da praia no Arroio do Silva) e depois virou apaixonado por frescobol (e craque).
Beach tennis tem muito de vôlei de praia e frescobol.
Pepê sempre foi muito “carnívoro”. Adorava churrasco.
Um dia estava com a família em Balneário Camboriú.
Depois de três dias à base de frutos do mar, ele cochichou no ouvido: “que tal um churrasco?!”.
Conhecia uma churrascaria onde o filho do dono era conhecido.
Chegamos depois das 14h, movimento já tinha diminuído, o que nos permitiu ter atendimento “vip” pelo filho do dono. Que virou amigo.
Sentou na mesa, falava pelos cotovelos, falava de planos, projetos, queria ser politico.
Alguns anos depois, estávamos em Araranguá, televisão ligada e apareceu o governador.
Pepê olhou bem, e lascou: “não é o nosso garçom?”.
Bingo.
A churrascaria em Balneário Camboriú era da família de Leonel Pavan.
Quando nos atendeu, era jovem, longa cabeleira, toalha no ombro. E queria mais.
Foi eleito vereador, prefeito, deputado, senador, vice-governador e terminou governador.
Pepê era assim.
Mas era também um profissional competente, dos tradicionais da cidade, respeitado.
Foi chefe da saúde na região da AMESC.
Um coração maior que é ele.
Homem de opiniões firmes.
Mas que não pensou duas vezes para, durante a festa de casamento do sobrinho, colocar o véu da noiva na cabeça, “desfilar” pelo salão e dançar a noite toda.
Pepê veio à tona por causa do “dr Ribeiro”.
Mas que é sempre lembrado por quem o conheceu, e conviveu.
Porque ele foi tipo modelo único. Não existiu e não existirá outro.