Impasse com SPDM é a falência da gestão por organizações
O governo catarinense tem a oportunidade de recolocar o “trem no trilho” na gestão do hospital regional de Araranguá, aproveitando o rompimento com a organização social SPDM.
Ficou mais do que evidente que este modelo de contratar organizações sociais (ou institutos) para administrar hospitais, ou policlínicas, não é um bom negócio para o estado.
No caso de Araranguá, os pagamentos estavam em dia, o contrato vigente, os reajustes foram dados nos prazos combinados, mas a SPDM simplesmente decidiu sair e fechou o hospital.
Teve que reabri-lo por imposição de sentença judicial, mas em condições muito precárias. Falta quase tudo. Até remédios simples.
A SPDM simplesmente não fez reposição. Preparou o fechamento.
Substituir apenas é correr o risco de amanhã acontecer o mesmo.
Depois, com estas organizações, transparência zero.
Ontem, na coletiva do secretário de saúde do estado, Vicente Caropreso, foi dito que os prefeitos do vale e entidades representativas querem participar da elaboração do novo edital de licitação para selecionar outras organização social e, depois, ter espaço para fiscalizar a gestão.
Caropreso foi objetivo: “é prerrogativa do governo do estado e a secretaria vai fazer o processo”. Ponto. Sem nenhuma possibilidade de abrir.
A Associação empresarial de Ararangua lutou o quanto foi possível para ter acesso às informações sobre gestão dos recursos públicos pela SPDM. Não conseguiu nada. Desistiu. Afastou-se do assunto desde 2014.
A única vez em que a cidade de Ararangua teve acesso a alguns dados foi quando a prefeitura tentou municipalizar o hospital.
As informações assustaram. Pelos altos salários pagos e por algumas despesas. E ficou por isso.
O estado tem técnicos gabaritados para administrar um hospital como o Regional de Araranguá. E vai desembolsar muitas vezes menos.
É só não deixar que o hospital vire um “abrigo" de políticos-cabos eleitorais.
O caminho
O secretário Caropreso anunciou a decisão de romper contrato com a SPDM, o que já havia informado faz 15 dias aos prefeitos do Vale, durante reunião em Florianópolis, e disse que uma licitação de emergência será feita para definir quem substituí-la.
Mas, pelo que está encaminhado, deverá ser o Instituto Maria Schmitt, que pertence a médicos e profissionais da área da saúde da região, quase todos ligados ao setor público.
Credenciando
O Instituto Maria Schimitt não poderia hoje ser contratado pelo estado porque não está ainda credenciado na secretaria de saúde. Mas, o processo está em andamento. Previsão é que seja liberado nos próximos dias.
A partir daí, pode ser contratado em caráter emergencial.
Os números
O secretário Vicente Caropreso foi “apresentado” ao Instituto Maria Schimitt quando visitou o hospital de Timbé do Sul. Principalmente pelos numeros.
O hospital é administrado pelo Instituto e fez 300 cirurgias eletivas de setembro a novembro. Tem mais 400 agendadas para dezembro. Mais do que o hospital regional de Araranguá.
O nome
Maria Schimitt é o nome da mãe do secretário regional de Araranguá, Heriberto Schimitt. E ele está incomodado com isso. Porque não tem nenhuma relação com o instituto, e nenhum dos envolvidos tem parentesco com ele.
O resultado
A Unesc administrava o hospital regional de Araranguá e o seu conselho curador decidiu pela sua saída basicamente porque governo do estado mantinha um histórico de atrasos nos repasses, causando prejuízo mensal à universidade porque tinha de “bancar” os pagamentos com seu “caixa”. Além disso, o governo do estado não aceitou pagar o reajuste reivindicado.
Sem a Unesc, o governo contratou a SPDM e passou a pagar três vezes mais. E paga em dia.