Entrei em um ônibus da Catarinense para ir a Chapecó. Ao meu lado sentou Luiz Henrique da Silveira. Era deputado federal, corria o estado para tentar se viabilizar como candidato a governador. Era 1983. No ano anterior, o candidato do PMDB ao governo, Jaison Barreto, havia perdido a eleição ao governo por poucos votos e em circunstâncias muito suspeitas, nebulosas. Com indícios e relatos que abundavam sobre votos comprados, votos de “mortos" e eleitores de votaram duas ou três vezes. Principalmente no sul do estado, na região de Laguna/Imarui.
Mas, o PMDB pós eleição estava dividido em uma briga renhida, irreconciliável, entre dois grupos, liderados por Jaison Barreto e Pedro Ivo.
Luiz Henrique havia deixado a prefeitura de Joinville e foi eleito para terceiro mandato de deputado federal em 1982. Trabalhava para ser o “tercius” no partido.
A viajem foi demorada, durante toda a noite. E ele falou todo o tempo. Planos e planos. Ideias e projetos. Estava fixado em ser governador. Mas, não foi naquele momento.
Ainda voltou a ser prefeito de Joinville, e só depois foi eleito governador em 2002.
E no inicio daquele ano, eu o encontrei no aeroporto de Joinville. Ele era prefeito.
Fui a Joinville para ver jogo do Criciúma, decisão do campeonato catarinense.
Ele sentou para um cafe e passou a esparramar projetos, ideias, planos. Igual aquele que foi no ônibus da Catarinense para Chapecó. Apesar das duas décadas que haviam se passado.
Esperidião Amin era o governador, candidato a reeleição. Tinha 75% das intenções de voto. Ele, não passava de 1 digito.
“Você vai deixar a maior prefeitura do estado, maior orçamento, onde está fazendo grande trabalho, para disputar uma eleição quase impossível?”, perguntei.
“Não tenha nenhuma duvida. O “turco" (Amin) vai enfrentar pela primeira vez um profissional, vou te convidar para a minha posse no ano que vem”, proclamou. E foi o que aconteceu.
Luiz Henrique costumava tratar pessoas que ele admirava como “craque”. Mas ele foi o grande craque da política do estado.
Teria sido governador pela terceira vez se não fosse surpreendido pelo coração que o matou num infarto fulminante. Que ontem completou três anos.