"A maior parte dos problemas do homem decorre de sua incapacidade de ficar calado."
(Blaise Pascal, matemático e físico)
Para a surpresa de zero pessoas, e confirmando a minha "aposta" de ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar em 1,00% a taxa Selic, que será de 13,25% a.a., mesmo patamar de agosto e setembro de 2023.
Os motivos dessa decisão são, em maior ou menor intensidade, os mesmos que deram início a este ciclo de altas em setembro de 2024, logo após quatro meses (três reuniões) da taxa estacionada em 10,50%.
Inflação no mundo
Os bancos centrais das principais economias seguem no esforço de controlar e puxar de volta à meta as taxas de inflação dos países que atendem. O que tem dificultado a tarefa são as persistentes pressões nos mercados de trabalho. Guerras e embargos, como no caso Rússia x Ucrânia, e atritos comerciais também não ajudam em nada na tarefa.
Inflação no Brasil
Além de ter aberto o alçapão do teto da meta (4,5% a.a.) e sair voando, com o IPCA acumulando 4,83% nos 12 meses de 2024, a inflação brasileira não dá sinais de retorno, ou mesmo enfraquecimento. A expectativa do cenário base do Banco Central do Brasil para o índice é de 5,2% ao final de 2025. Já o Mercado, segundo o Boletim Focus, espera 5,5% no mesmo período.
Uma das causas apontadas pelo BC para essa expectativa é o risco de hiato do produto positivo, que significa, em poucas palavras, a produção de bens e serviços (PIB observado) ser maior que a produção de bens e serviços considerada sustentável (PIB potencial), estimulando/aquecendo a economia.
Dólar caro
A desvalorização do real frente ao dólar também impacta diretamente na inflação, já que aumenta os custos de insumos, serviços e mão-de-obra das empresas, que são obrigadas a repassar esse aumento até o consumidor final.
Desconfiança fiscal
A economia, como ciência humana que é, tem como base as impressões e expectativas das pessoas. E, se tem algo que deixa as pessoas inseguras é não saber o que está acontecendo ou que vai acontecer. E nesse ponto, o Governo Federal e o Ministério da Fazenda não tem feito o dever de casa quando se trata de anunciar decisões. Uma aula de como não fazer!
A última pataquada foi polêmica do Pix, que deixou os brasileiros sem saber como pagar as contas no início do ano, se seriam perseguidos pela Receita Federal, se pagariam imposto sobre as transferências... Até quem queria criticar precisou fez questão de explicar melhor que o próprio Governo que não era isso.
Fica em 13,25% até quando?
Não há, na situação atual, motivos acreditar que o ciclo de altas do Copom tenha sido concluído. O Mercado (que não é uma gangue antigoverno, como pintado irresponsavelmente por Gleisi Hoffmann) vê hoje a taxa Selic fechando 2025 a 15%, baixando para 12,5% em 2026, 10,38% em 2027 e 10% em 2028.
Tendo isso posto, podemos cravar hoje, com pouquíssimo medo de errar, que em março a Selic sobe 1,00%, a 14,25% ao ano.