Na minha adolescência eu era muito, muito magra.
No colégio sempre fui chamada de magrela (mas naquele tempo não tinha a cultura do corpo magro).
Nunca fiquei ofendida por ser chamada de magrela, pelo contrário, até achava uma forma carinhosa.
E nas vezes que fui chamada de “pau de virar tripa”, nunca me revoltei.
Na sala ao lado tinha uma menina preta, negra, que sempre era chamada de negrinha, e estava tudo bem.
Tinha também um rapaz delicado e alegre que era chamado assim: “vem pra cá viado”.
Ninguém se importava, éramos todos amigos e éramos felizes.
Daquela turma ninguém tirou a vida por ser chamado de negro, baleia, viado etc…
Ninguém entrou na sala com uma arma atirando porque ficou ofendido com algum termo usado.
Hoje está ficando insuportável.
Tudo é racismo, tudo é bullying, tudo é descriminação, tudo é indireta, tudo dá processo.
Não pode falar assim porque pode ofender esse, pode ofender aquela, não é politicamente correto.
Está chato, sem graça, faltando a espontaneidade, faltando gente que ri de si mesma.
É muito mimimi.
Saudade do tempo em que as pessoas diziam: “todos estavam lá”, hoje inventam palavras novas, complicam o simples, fazem críticas sem sentido.
Onde fica a tal liberdade gritada aos quatro cantos?
Chato. Muito chato.
Blog Beth João
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