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Eu me lembro com saudade do tempo que passou, mas as comparações com os dias atuais são inevitáveis

Por Beth João 03/11/2023 - 05:30 Atualizado em 03/11/2023 - 06:23

Passei minha infância na Içara.
Vi o mar pela primeira vez, quando tinha oito anos, levada pela minha professora Derlei de Lucca.
Fui passar um dia na casa da família no Rincão.
(merecidamente).
Na praia fiquei parada, sem piscar, era muito maior doque eu imaginava e fazia muito barulho.
Eu vi força, eu vi mistério, eu vi poder, mas eu vi paz.
A mesma paz que sinto hoje quando vejo o mar, e pra mim è a imagem mais linda que pode ter. 
Ao lado da minha casa tinha um pè de goiabeira, eu costumava ficar lá emcima por horas, achava que voava, eram meus sonhos.
Comíamos goiaba direto do pè, sem lavar e verde.
Não usávamos aparelho nos dentes.
Atraz de casa tinha uma horta, pegávamos a cenoura direto da terra, lavava e comia.
Não tinha falta de vitamina.
Quando vinha alguma advertência da escola o chinelo e a vara de goiabeira estava prontos.
Hoje os pais vão à escola pedir satisfação ao professor por ter advertido o seu filhinho.
Os dias de chuva eram os mais divertidos, pulávamos na lama(não tinha asfalto), tão forte, tão forte até sugar os cabelos.
Não era um problema entrar sujo em casa.
Quando a mãe dizia: “ Em casa a gente conversa”, ficávamos mudos.
Não nos revoltamos.
Fazia muito frio naquele tempo, íamos para a escola de gorro, polaina e luvas, e a pé.
Nossos pais não iam nos buscar.
Não nos sentimos abandonados por isto.
O sete de setembro era um acontecimento, o ensaio era nas ruas, eu sempre desfilava na frente da banda fazendo acrobacias com arco.
Sou capaz de ouvir aquele som.
Cantávamos o hino
Nacional em
Posição de sentido, sabíamos a letra e respeitávamos a bandeira.
Não tinha risadinhas, conversinhas e descaso .
Todas as noites as mães gritavam:
“Vem pra dentro. Está na hora”.
Hoje as mães dizem:
“Sai deste quarto”.
Em conversa de adulto criança não se metia.
Hoje elas se metem e chamam pais de mentirosos.
Nossas brincadeiras eram nas ruas, tinha muita carocha nos postes.
Uma pergunta?
Ainda existe carocha?
Hoje as brincadeiras são no celular.
Comida de domingo era galinha ( a minha mãe escolhia uma no galinheiro e matava de manhã), consigo sentir o sabor e o cheiro.
( não tem este sabor em nenhum restaurante cinco estrelas).
Hoje com uma variedade na mesa as crianças dizem não gostar de nada.
Era 1970 a seleção brasileira foi campeã do mundo, e festejamos emcima de um caminhão pelas ruas da cidade.
Ninguém foi preso.
Tínhamos pouco luxo e não sentimos frustração por isto.
Sabíamos o valor das coisas, não o preço.
Tudo passou tão rápido.
Está tudo tão diferente.
Não sei se melhor ou pior, mais diferente.
E com todas as dificuldades que tínhamos, eu me lembro com saudade deste tempo.
E me pego cantarolando a música do Roberto Carlos.
Jovens tardes de domingo, tantas alegrias.
Velhos tempos, belos dias.

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