Tenho 68 anos, sou saudável e não me considero velha, embora a carteira de identidade diga isto.
Vou falar aqui velho, porque não gosto da palavra idoso, para mim idoso soa como se a pessoa fosse ainda mais velha, parece que já passou.
Nos últimos tempos, a maneira como as pessoas falam com os velhos têm me chamado bastante atenção.
(Obs.: o comentário a seguir se refere a pessoas velhas com saúde, sem nenhuma comorbidade e que não precisam de cuidados especiais).
Esclarecimento feito, continuo minha observação.
Notei que as pessoas falam com os velhos sempre no diminutivo.
“Qual é o seu nomezinho?”
“Estica o bracinho”.
“Vou pôr a toquinha”.
“Abre a mãozinha”.
“Quer uma aguinha?”
“Senta aqui no sofazinho”.
“Aqui tem uma cadeirinha”, e bate na cadeira como se velho não soubesse o que é uma cadeira.
São inhos, inhos e mais inhos, que sempre vem acompanhados de “meu bem”, “minha flor”.
Confesso que não gosto destes adjetivos em nenhuma situação.
Pra mim, o correto é chamar o velho pelo nome, com educação e respeito, isto sim faz com que a pessoa se sinta valorizada.
Quando você fala o nome da pessoa, tem peso, porque o nome a representa, tem valor, e por isto temos nomes diferentes, senão seríamos todos meu bem.
“Meu bem, aceita uma aguinha?”
“Meu bem, aceita um cafezinho?”
“Meu bem, dá uma aguardadinha?”
Além do inho, meu bem.
Não gosto.
Meu nome é Beth com TH no final, sem E.
Socorro, Dra Thatiana Dal Toé, tratar velhos saudáveis igual à criancinha ajuda ou atrapalha?
Quando me perguntam a idade, eu sempre respondo:
Depende do dia, tem dias que tenho 40, 50 outros tenho 80, 90.
Nunca digo que estou velha, porque não tem idade para ser jovem, porque existem jovens velhos e velhos jovens.
Blog Beth João
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