Primeira oncologista de Criciúma e gaúcha de Ijuí, Tania Lorenzoni foi a entrevistada do Nomes & Marcas deste sábado (22). Formada há 39 anos, veio para Santa Catarina por causa de um namorado criciumense. A escolha pela carreira na medicina tem relação com uma doença de seu pai. O tratamento era complicado e um dos poucos médicos da cidade não gostava de atender devido a amizade que tinha com o paciente.
“Foi uma escolha pessoal por uma questão totalmente familiar, quando o meu pai ficou doente, ele tinha 42 anos e teve um câncer de esôfago, eu tinha 16 anos e estava preparando um vestibular para medicina”, lembrou a oncologista. “Senti que meu pai não foi bem atendido, ele dizia que precisava de um médico, naquela época eles iam em casa, chegava 8h da noite e ele não vinha”, completou.
Tania procura se consultar com frequência em uma psiquiatra e em uma psicóloga, o que segundo ela ajuda a manter a tranquilidade que a profissão exige. “Um outro profissional consegue te dar um rumo. Às vezes eu vejo tanta coisa me obstruindo”, pontuou. A médica também procura sempre abrir espaços na sua agenda para atender pacientes que necessitam de cuidados. “Eu procuro me colocar no lugar das pessoas”.
Continua atendendo, nas terças e quintas-feiras, no Hospital São José, pelo Unacon, um serviço público de quimioterapia. Isso acontece seguindo um pedido de sua mãe, que dizia ser importante, já que Tania foi bem recebida em Santa Catarina. Nos demais dias atende em seu consultório particular.
Evolução no tratamento do câncer
De acordo com a oncologista a medicina evoluiu bastante nos últimos anos e ficou mais fácil contar para os pacientes que eles possuem câncer. Por outro lado, é difícil pensar em uma cura permanentes, já que as causas na maioria das vezes são desconhecidas, pensa também que o tema deveria ser discutido nas escolas.
“O câncer é uma doença que tem um comprometimento, normalmente físico do paciente, é o emagrecimento, a perda do cabelo e isso marca muito. A gente tem estudos hoje que dizem que 50% dos cânceres são curados, isso inclui câncer de pele, de testículo, os linfomas das crianças. Eu sempre faço um comparativo, que quem é um cardiopata, também não tem cura, um paciente diabético, a vida toda, está caminhando para ser um doença crônica”, afirmou.
Comparativos com o câncer
É comum ouvir alguém falando sobre o câncer de forma pejorativa, citando esta palavra para se referir a algum problema grave, como a criminalidade. Quando isso acontece e ganha destaque, Tania tem o seu modo de responder.
“Quando eu ouço alguma autoridade se referindo a um fato desagradável, com a expressão é o câncer da sociedade, eu escrevo uma carta, dizendo que como eu, centenas de médicos trabalham com o objetivo de desmistificar a doença e aí uma autoridade em rede nacional consegue colocar para baixo o trabalho da gente de quem sabe cinco ou dez anos. Normalmente eles respondem, mas não sei se o destinatário final lê”, revelou.