Voz conhecida em todo o sul catarinense, ele tem mais de 50 anos de rádio e contou sua história no Nomes & Marcas deste sábado (8). Archimedes Naspolini Filho quase foi padre, mas foi na comunicação que se encontrou. Escreveu mais de 20 livros, considerando a publicação “Câmara Municipal de Criciúma, os primeiros 85 anos”, lançado em 2011, com três mil exemplares, sua obra prima.
“Realmente o meu início foi diferente. A minha mãe achou que eu tinha vocação para padre, de repente estava internado no Educandário Dom Joaquim, de São Ludgero, isso era 1955 e fiquei até a metade de 1956, disse que não queria ser padre. Tomei uma bronca dos meus pais”, contou Archimedes.
De volta a Criciúma, passou a estudar no recém formado Colégio Michel, onde não se adaptou e parou de estudar. Pouco tempo depois, o prefeito de Criciúma na época, Addo Caldas Faraco foi até sua casa e ofereceu uma vaga em uma escola de Florianópolis, meio contrariado, acabou aceitando a proposta. Ficou na capital por quatro anos, onde estudou o curso de Artes Gráficas e começou a escrever. Por lá foi eleito presidente do grêmio estudantil.
“No ano de 1957 eu fui sozinho para Florianópolis e fui deixado lá, com 12 anos de idade. Começou ali esse grande desafio, a maior cidade de Santa Catarina era Florianópolis. Eu fui ver o mar, precisa ver o mar, encontrei marinheiros por ali. O grande desafio da minha via foi esse aí”, lembrou o comentarista.
Vida política
Influente no meio acadêmico, Archimedes foi eleito presidente da União Catarinense dos Estudantes. Na sequência foi vereador em Criciúma, um momento que ele descreveu como complicado. Tempos depois, quando já trabalhava com rádio, quase foi candidato a deputado estadual, sendo escolhido por seu partido, mas não concorrendo ao pleito por algumas influências de Aristides Bolan.
“Com 22 anos eu era eleito vereador em Criciúma, lamentavelmente, porque com 22 anos uma pessoa não tem experiência para tá legislando. A experiência que um vereador precisa ter de vida é de uns 30 anos de idade, para saber o que está fazendo. Eu passei pela presidência da Câmara e deixei como legado meu um retrato na parede, porque não fiz absolutamente nada, fui um vereador que votou e pronto”.
Rádio
Archimedes Naspolini Filho trabalhava em um banco de Criciúma, onde atendia diversas pessoas, sendo que uma delas era Dilor Freitas, da Carbonífera Metropolitana, que tinha também uma rádio. Foi convidado a fazer um teste por ter uma voz bonita, já na chegada foi colocado no ar no programa de Sérgio Luciano. Isso era 1964, durante o teste falou a hora errada e recebeu uma repreensão.
A apresentação no rádio chamou a atenção de Nico Guglielmi, que iria reabrir a Rádio Difusora de Criciúma, indo até lá e já lhe oferecendo essa proposta. “Eu fui para lá para trabalhar no Rancho do Zé do Mato, abria a emissora, depois passei a redator e fui para frente, o Nico morreu e me chamaram para ser diretor”, lembrou.
Ao longo destes mais de 50 anos fez diversos trabalhos no rádio, inclusive sorteando um automóvel, mas o mais marcante foi em uma cobertura local. “Aquela transmissão que fizemos sobre a enchente de Lauro Müller, em 1971, nós ficamos lá a semana toda, era a única forma de comunicação daquela gente através da Rádio Difusora. Aí o general Vieira da Rosa, era o secretário de Segurança Pública, passou na rádio e não deixou a gente terminar a transmissão. Essa passagem marcou”, destacou o radialista.
Bordões
O comentarista costuma concluir suas falas no Programa Adelor Lessa sempre da mesma forma “e que todos começamos o dia como queremos terminá-lo”, aliás, o termo deverá virar livro. Archimedes também possui outros bordões, como “um abraço do meu tamanho” e “um amplexo na pleura”.
“O que não é meu é ‘e que todos começamos o dia como queremos terminá-lo’, porquê, isso eu trago desde que fazia um comentário no programa pela manhã do Saulo Machado, eu escrevia e lia durante o programa. Quando eu comecei, meu filho estudava no colégio São Bento, ele saiu de casa, encontrou em baixo do telefone a minha crônica, e escreveu, ‘e que todos começamos o dia como queremos terminá-lo’, eu achei fantástico e passei a utilizá-lo”, disse.
Palavras inusitadas
O radialista é conhecido por pronunciar palavras pouco comuns em seus comentários, ele também falou sobre isso: “Às vezes as pessoas dizem assim ‘Archimedes, tu é muito enjoado, fala muito direitinho’. Tu aprende a jogar futebol e não desaprende mais, e porquê que tu aprendesse português e não sabe falar português? Então, qual é a minha preocupação, o povo pagou para me educar, então eu tenho que mostrar que aprendi. Eu não rebusco coisa nenhuma, eu gosto de ler, e na leitura sempre aprende coisas novas, então fico procurando utilizar, e depois sai ao natural”, revelou.