A direção e os funcionários da loja do Pinheirinho do Supermercado Lisandra estão cansados com a insegurança. "É que em 2021 tivemos 13 furtos. Expomos a situação que o Pinheirinho vem enfrentando. Além de ser um prejuízo emocional para os empresários e moradores, isso afeta as pessoas que vêm ao nosso comércio", contou o gerente de operações do supermercado, Paulo Henrique Cichella, em entrevista ao programa Conexão Sul desta quarta-feira, 2, na Rádio Som Maior. "Depois de uma visita que fizemos à PM e à prefeitura, tivemos uma baixa nessas ocorrências, mas nessa semana tivemos mais dois furtos", lamentou.
Nesta terça-feira, 1, o prédio onde estão instalados um consultório médico e uma farmácia em frente ao supermercado, na Rua Imigrante Benedet foi atacado. "Levaram toda a fiação do consultório e da farmácia e dois canos de PVC que fazem a ligação com a calha, daí choveu dentro do supermercado", contou. Mas o que mais atrai os ladrões, no caso do supermercado, são os metais. "Já levaram três exaustores do supermercado, duas portas da subestação de alta tensão, levaram grades, levam porta de banheiro, luminárias. Só de aparelhos de ar condicionado, furtaram três, fiação e motor. Até relógio de água já levaram, dois relógios. Imagina o transtorno", relacionou.
Muitas vezes, o funcionamento do supermercado já ficou comprometido. "Toda a fiação da padaria já foi furtada duas vezes, tivemos que correr para a outra loja no Jardim Maristela para fazer a produção da padaria e trazer para cá", destacou. "Sem contar o prejuízo que tivemos com os produtos da refrigeração, já tivemos perdas de alimentos e temos que arcar com todo o prejuízo. E dar o jeito de buscar o fornecedor para ter o que fornecer na abertura da loja", comentou.
À noite tudo piora
A noite chega e a aflição começa. "Por volta das 20h fica complicado de transitar no bairro, os nossos funcionários estão apreensivos, têm medo de atravessar a avenida e serem assaltados. Os clientes são abordados na frente da loja também. A gente tenta evitar o máximo possível que essas pessoas circulem, mas depois das 20h a gente não consegue mais ter controle. Os nossos funcionários têm receio de ir na rua buscar carrinho de compras usados pelos clientes também", destacou Paulo Henrique.
O estacionamento do supermercado também já sofreu com os ataques dos bandidos. "Três vezes já tivemos perdas ali. A gente coloca, levaram toda a fiação, luminárias, tudo. E a gente é obrigado a colocar para dar condições ao cliente que estaciona ali à noite, e a gente não dá mais conta. A última vez que fizemos, tivemos que colocar grade nos refletores. Levam fio, refletor, tudo", informou. Os ataques ocorrem, geralmente, nas madrugadas. "Levam de madrugada, depois que o supermercado fecha até as 5h estão tomando o bairro. Tem pessoas que dormem na porta do supermercado, na porta da farmácia, no estacionamento", observou.
BOs registrados
O gerente diz que, a cada delito constatado, o boletim de ocorrência é registrado na Polícia Civil. "A PM pede para fazer o boletim de ocorrência para gerar estatística e eles virem fazer rondas. Mas a gente sente muita falta de rondas, de uma viatura da polícia se posicionar, a viatura passa muito pouco", comentou.
E o problema não fica restrito ao supermercado. "Levam grades dos imóveis vizinhos, toda a fiação de um pavilhão que tem nos fundos do nosso estacionamento, não estão perdoando nada. Até medidor de energia levaram", comentou. Paulo Henrique lembrou o caso de uma residência que pertence à família proprietária do supermercado, e fica localizada diante dele, do outro lado da rua. "Essa casa é nossa, tivemos que comprar um poste para refazer toda a fiação para estar no padrão da Celesc, pois levaram o medidor e todos os fios. A casa ficou dez dias sem energia até comprar o poste, achar uma pessoa para fazer a iluminação. Temos problemas também com os locadores de imóveis", referiu.
Até tampa e caixa de telefonia
Em outro ponto nas cercanias do Supermercado Lisandra, uma caixa inteira de telefonia foi levada pelos bandidos. "Levaram a caixa de telefonia. Tivemos que fazer portabilidade para outra operadora, a operadora antiga não tinha previsão de restabelecer", confirmou. E nem as tampas metálicas nas calçadas resistem. "As tampas da Celesc no chão, na calçada, já levaram. Agora começamos a chumbar para ver se diminui", enfatizou.
A orientação da PM, de registrar as ocorrências, vem sendo seguida à risca. "Agora nós vamos de novo no batalhão e na prefeitura para pedir apoio. Está complicado demais aqui no Pinheirinho para quem é empresário e pai de família", salientou. A direção do Lisandra já estuda a ideia de fechar a loja mais cedo. Atualmente ela funciona até 21h. "Já pensamos sim. Os clientes têm receio de vir aqui, e os funcionários têm receio de ir embora muito tarde. E tem o problema logo cedo, os primeiros funcionários chegam às 5h50min e tem gente dormindo aqui na porta da loja", referiu.
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