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A polêmica da água com agrotóxicos

Entre os municípios referidos com contaminação estão Orleans, Rincão, Balneário Gaivota, Tubarão e Jaguaruna

Por Redação Criciúma, SC, 23/03/2019 - 17:05
Foto: Daniel Burigo / A Tribuna
Foto: Daniel Burigo / A Tribuna

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O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) realizou levantamento da presença de agrotóxicos na água de abastecimento público de 90 municípios de Santa Catarina e identificou que 22 recebem água com resquícios de agrotóxicos. Ao todo foram analisados 204 princípios ativos de agrotóxicos. As operadoras do sistema de água pesquisam somente 27 substâncias, conforme o parâmetro indicado pelo Ministério da Saúde. 

Dos 17 princípios ativos de agrotóxicos encontrados na água que chega aos municípios monitorados, sete são proibidos na União Europeia devido aos efeitos negativos que podem provocar na saúde humana.

Dos 22 municípios listados, cinco são do Sul: Orleans, Balneário Rincão, Balneário Gaivota, Jaguaruna e Tubarão. Conforme o estudo, assinado pela engenheira química Sônia Hess, na água de Orleans foram identificados dois princípios ativos, e um nas demais quatro cidades da região. Da relação de agrotóxicos banidos pela União Europeia houve indicativos em três cidades: Jaguaruna (metalacloro), Balneário Gaivota (permetrina) e Orleans (simazina).

As cidades explicam

A prefeitura de Orleans emitiu comunicado na qual manifestou surpresa. Cita que o Samae faz monitoramento constante da água, garantindo a saúde pública, que a água da cidade é própria para consumo e que dispõe de dados que garantem que não há agrotóxico na água distribuída no município. Abaixo, a nota:

Foi com surpresa que recebemos as informações veiculadas no jornal Diário Catarinense, edição desta sexta-feira 22, com o título “Água de 22 cidades tem rastros de agrotóxicos”, mencionando a cidade de Orleans. Diante dos fatos noticiados no que se refere “…ter sido constatada presença de duas substâncias de agrotóxicos na água de Orleans…”, a Administração Municipal informa:

1. O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) de Orleans, monitora permanentemente a qualidade da água para garantir os padrões exigidos pela legislação e manter as condições de segurança hídrica e de saúde pública;

2. A água fornecida pelo SAMAE à população é tratada e própria para consumo humano. De forma rigorosa e periódica, o SAMAE analisa todos os parâmetros de potabilidade exigidos pela legislação, (Portarias 2914/2011, do Ministério da Saúde, e 320/2014, da Secretaria Estadual da Saúde) por meio de laboratórios próprios e contratados creditados junto ao Inmetro.

3. O município de Orleans inaugurou aqui na cidade, o Consórcio Cisam Sul, órgão intermunicipal de alta credibilidade, que usa da mais alta tecnologia para o serviço e é referência nesta área no estado de SC;

4. A Administração Municipal tem adotado todas as medidas e precauções para garantir a qualidade da água distribuída à população e trabalhado com a Fundação do Meio Ambiente de Orleans (FAMOR), e, com a Secretaria Municipal de Agricultura na conscientização e a correta aplicação dos defensivos agrícolas.

5. Pelos dados que temos, a análise da água do nosso sistema de abastecimento, não acusa qualquer agrotóxico em quantidade acima do valor máximo permitido;

6. Em todas as análises da água dos sistemas de abastecimento realizadas o resultado foi dentro dos padrões indicados;

7. Todos os laudos realizados pelo SAMAE encontram-se a disposição dos cidadãos para consulta junto ao Setor de Vigilância Sanitária Municipal, na Secretaria Municipal de Saúde.

Respeitosamente,

Administração Municipal de Orleans

No Balneário Rincão, a assessoria técnica garantiu que a água é apta para consumo, e que a explicação viria pela Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris). Em nota, a agência destacou que “o controle exercido (...) assegura que a água tratada e distribuída aos consumidores é potável”.

A Gaivota Saneamento (Balneário Gaivota) e a Águas de Jaguaruna (Jaguaruna) informaram que fazem testes diários na água bruta e tratada, e possuem certificado de potabilidade. Citaram, ainda, que a Vigilância Sanitária promove testes mensais. A Tubarão Saneamento informou que atende os parâmetros do Ministério da Saúde e que faz testes permanentes inclusive para presença de agrotóxicos, sem quaisquer irregularidades.

O Sindicato das Empresas Operadoras e Concessionárias de Saneamento de Santa Catarina (SINDESC) emitiu nota na qual “lamenta o conteúdo divulgado” e que “falta contexto”. Pontua, ainda, a opinião da engenheira sanitarista Elis de Souza: “hoje estamos expostos a diversas substâncias tóxicas, que podem estar presentes em frutas, verduras, carnes, até em alguns produtos dermatológicos, entre outros. Para cada um deles existe um limite e, por isso, cada setor tem a sua legislação e os parâmetros para serem respeitados”.

Como foi a coleta

As amostras foram coletadas entre março e novembro de 2018, período de safras e cultivos, pelo Programa da Qualidade da Água Tratada, do Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CCO) do MPSC.

A Doutora em Engenharia Química Sonia Hess analisou os resultados obtidos nas amostras e produziu um diagnóstico que será apresentado no Seminário sobre Agrotóxicos nos Alimentos, na Água e na Saúde, que acontece a partir dessa segunda-feira, 25, na sede do MPSC, em Florianópolis. “Essa contaminação repercute em riscos à saúde”, alerta Sonia, pós-doutora em Química pela UFSC.

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