Em três meses de temporada 2019, foram onze confrontos com os quatro rivais maiores de Santa Catarina. E apenas uma vitória, diante do Joinville. Oito derrotas, uma delas em um 3 a 0 acachapante para o Avaí na Ressacada. E dois empates. Um deles, o 1 a 1 da tarde passada na casa avaiana. Os números ajudam a provar: a fase é outra.
É carregado de esperanças e agarrado na velha certeza de que a última impressão pode ser a que fica que o Criciúma empatou em um gol com o Avaí e esteve perto de ser finalista do Campeonato Catarinense. Não faz muito, algo impensável.
“Fiquei orgulhoso da nossa equipe”, definiu o técnico Gilson Kleina. “Se tivesse que haver um vencedor nos 90 minutos, era o Criciúma”, resumiu o diretor executivo de futebol João Carlos Maringá. Impressões compartilhadas pelo bom contingente de torcedores tricolores que foi a Florianópolis empurrar o Tigre. Pela frente, duas semanas preciosas até o dia 27, quando o Criciúma encara o Cuiabá, no Heriberto Hülse, na abertura da Série B. “Queríamos muito essa taça. Não deu. Agora é foco total para o Brasileiro”, definiu Kleina.
Um bom início
O Criciúma mostrou a que veio logo no primeiro minuto. Derlan lançou Vinícius que superou Betão. Na hora do cruzamento, Marquinhos Silva fez o corte. Primeiro sinal que a defesa do Avaí teria trabalho. Os donos da casa chegaram aos 4. João Paulo encontrou Pedro Castro mas Sandro, de carrinho, cortou. No minuto seguinte, primeira bola alçada na área do Tigre, por João Paulo, Bruno Grassi afastou.
Aos 7, um lance que acabou sendo determinante. Andrew recebeu no ataque e foi vítima de dura entrada, de carrinho, por Marquinhos Silva. “Era lance para VAR aquilo”, acusou depois o técnico tricolor. “Só deram o amarelo”, condenou, apontando violência do marcador avaiano. A partir dali, Andrew sentiu e mancou por vinte minutos até ser sacado.
Fechados os primeiros dez minutos, o Criciúma era melhor. Aos 14, lançamento para Andrew e o goleiro Lucas Frigeri adiantou-se para salvar. Quase é surpreendido. Em seguida, Matheus Barbosa manda para a área do Criciúma e Daniel Amorim estica-se para arrematar. Não consegue. A primeira análise via VAR veio aos 16 minutos. O árbitro Rafael Traci tirou dúvida sobre um lance que o Avaí reclamou na área do Criciúma. Nada constatado, seguiu o jogo. Em seguida, uma briga de torcedores avaianos agitou a arquibancada. Logo superada.
A melhor chegada
Grande chance para o Tigre aos 17. Andrew deu um toque leve para a área e Wesley bateu de primeira. A bola bateu em Igor Fernandes, que salvou o Azurra. Depois, 21 minutos e Jean Mangabeira arriscou de longe, sem dificuldades para o goleiro Lucas. Maicon, aos 23, quase criou uma chance para o Avaí, chutando em cima de João Paulo. Mas Bruno Grassi, atento, saiu da área e defendeu.
Um dos destaques do Tigre ontem, Vinícius armou rápido contra-ataque aos 29 minutos. O desarme de Marquinhos Silva foi providencial para o time da casa. Andrew não resistiu e deixou o campo aos 32. Léo Gamalho entrou. Bola na área tricolor aos 35, lançada por João Paulo. Corte de Sandro. Em seguida mesmo lance e foi a vez de Gamalho afastar. Uma desatenção de Wesley, aos 38, faz João Paulo arrematar. Menos mal que a bola bateu em Maicon, desviando.
Nos minutos finais da etapa inicial, o Avaí chegou mais. Mas sem perigo. “Foi um primeiro tempo equilibrado. Começamos melhor”, atestou Vinícius. “Temos que ter tranquilidade para colocar a bola no chão”, receitou. “Precisamos abrir espaço no time deles”, rebateu Igor Fernandes, pelo Avaí. “O time está bem, defendendo e criando”, resumiu Maicon. “Não vai ser fácil sair daqui classificado”, prenunciou. E Wesley esclareceu a razão do gol perdido aos 17. “O sol estava forte e não consegui enxergar ela”. Ingredientes para um segundo tempo decisivo.
Era para ser o fim
Para os incrédulos, seriam os últimos 45 minutos do Criciúma no Estadual. Mas não. Teve mais. O Avaí saiu na frente no segundo tempo. Logo aos 2 minutos, Igor Fernandes chutou rasteiro da linha de fundo para a área e Daniel Amorim, o artilheiro do Catarinense, apareceu para fulminar: 1 a 0.
O Criciúma não se acomodou. Teve forças para, aos 5, empatar. Vinícius cruzou com categoria e o atacante se esticou para alcançar a bola e vencer Lucas Frigeri: 1 a 1. Durou apenas três minutos a vantagem avaiana.
Brizuela, que entrou no intervalo, pouco fez. Aos 9, cruzou para Getúlio, de primeira, bater para fora. Bruno Grassi defendeu falta aos 10. Maicon saiu aos 18, cansado. Entrou Zé Augusto. Caíque errou chute a gol aos 19 minutos, após receber de Vinícius na área.
A marcação forte dos dois times já indicava: pênaltis à vista. Marquinhos Silva concluiu com perigo aos 29. Vinícius tocou entre as pernas de Betão aos 30, mas escorrega na conclusão. Mosquera chuta à direita de Grassi aos 33. Vinícius faz nova bonita jogada aos 35 minutos. Reis desperdiça. Zé Augusto bate forte aos 37, para fora. Placar igual. Hora dos pênaltis.
O adeus veio nos pênaltis
“É loteria”. A definição, antiga e verdadeira, foi resgatada ontem pelo diretor João Carlos Maringá, abatido como todos do Criciúma após a derrota por 4 a 2 nos pênaltis, depois de um bom 1 a 1 no tempo normal na Ressacada diante do Avaí. A desclassificação no Campeonato Catarinense veio em uma disputa na qual brilhou Lucas Frigeri, o goleiro avaiano.
O Criciúma começou na frente. Daniel Costa bateu com categoria, vencendo Lucas, 1 a 0. João Paulo acertou o canto esquerdo, sem chance para Bruno Grassi, 1 a 1. Vinícius mandou à direita, Lucas caiu no mesmo lado mas não pegou, 2 a 1 Tigre. Gegê bateu seco, na rede, 2 a 2. E o Criciúma não marcou mais. Wesley acertou a trave e na volta Lucas pegou. O VAR chegou a ser acionado e, em rápida consulta, o árbitro buscou saber se o goleiro do Avaí havia se adiantado, como reclamava o Criciúma. Não. Seguia a disputa.
Os avaianos tiraram proveito. Pedro Castro bateu no gol, mas com força suficiente para vencer Grassi: 3 a 2. Hora de Marlon. Expectativa de gol. Mas ele chutou fraco, a meia altura, e Lucas não teve dificuldades. Pegou. Igor Fernandes não desperdiçou. Assinalou o gol decisivo, 4 a 2.
“O Avaí foi mais competente”, reconheceu o volante Jean Mangabeira. “Mas somos uma equipe na derrota também. A torcida viu que demos o máximo, corremos os 90 minutos, tentamos honrar essa camisa”, avaliou. “Pedimos desculpas à torcida carvoeira”.
Para o zagueiro Sandro, o Criciúma está de parabéns pelo que fez em Florianópolis. “É chato engolir um jogo assim, mas os caras foram felizes nas batidas, e eles tem um goleiro pegador de pênaltis. A gente queria muito essa classificação, mas vamos trabalhar para melhorar, aprimorar e nos reerguer”, emendou.
Ficha técnica
Avaí 1 x 1 Criciúma (pênaltis, 4 a 2)
Gols – Daniel Amorim aos 2´2º t (A), Léo Gamalho aos 5´2º t (C)
Avaí – Lucas Frigeri, Lourenço (Julinho), Marquinhos Silva, Betão e Igor Fernandes, Mosquera, Pedro Castro e Matheus Barbosa (Brizuela), João Paulo, Daniel Amorim (Gegê) e Getúlio – Técnico: Geninho
Criciúma – Bruno Grassi, Maicon (Zé Augusto), Sandro, Derlan e Marlon, Jean Mangabeira, Wesley e Caíque (Daniel Costa), Reis, Vinícius e Andrew (Léo Gamalho) – Técnico: Gilson Kleina
Árbitro – Rafael Traci, com Johnny Barros de Oliveira e Henrique Neu Ribeiro
Cartões amarelos – Marquinhos Silva (A), Maicon e Caíque (C)
Público – 9.618 torcedores
Renda – R$ 174.442
Local – Estádio da Ressacada, em Florianópolis
Quando – Domingo, 14/4, às 16h