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Ângelo Ademir Mezzari, o novo Bispo Auxiliar de São Paulo

Ângelo Ademir Mezzari é natural de Forquilhinha e foi nomeado pelo Papa Francisco a assumir o cargo

Por Vitor Netto Criciúma - SC, 20/09/2020 - 14:56 Atualizado em 20/09/2020 - 15:12
Foto: Vitor Netto / 4oito
Foto: Vitor Netto / 4oito

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A emoção tomou conta de todos os presentes no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus no sábado, 19, durante a sua ordenação episcopal de Ângelo Ademir Mezzari, agora Bispo Auxiliar de São Paulo. Escolhido pelo Papa Francisco para assumir esse cargo em São Paulo, Ângelo carrega consigo a história de ser filho do Sul catarinense. Na terça-feira, 15, ele participou do programa Do Avesso, contando um pouco a sua trajetória ao longo de sua vida religiosa. 

Nascido em Sanga do Engenho, então distrito de Forquilhinha, o então Monsenhor e agora Bispo Angêlo Mezzari, saiu aos 12 anos para ir estudar no Colégio Rogacionista, em Criciúma. “Fiz o ensino fundamental e médio e foi uma experiência muito bonita. Minha geração era outra, outra cultura e modos. atualmente se encerra o segundo grau antes do seminário. Então eu queria ser padre e meus pais me levaram lá. Naquela época se tinha o interesse e a pretensão já se encaminhava para o seminário, hoje a igreja nem aconselha a entrar assim tão jovem”, explicou. 

Bispo Angelo Ademir Mezzari no Programa Do Avesso (Foto: Vitor Netto / 4oito) 

Até se tornar bispo foi uma grande trajetória. Entrou no seminário aos 12 e se ordenou padre aos 27 anos.

Outras experiências  

Aos 18 anos, foi fazer o serviço militar obrigatório por um ano. Também é formado em Filosofia, Teologia e Jornalismo. Foi redator, dirigiu filmes e foi ator. “Tive uma boa trajetória de vida, fiz muitos amigos. Foi uma experiência muito importante. Quando eu servi o Exército, foi um período que eu me afrontei, pois vivia desde os 12 no seminário e sai para ir ao Exército”, comentou. 

Dom Ângelo recebendo o óleo durante Ordenação Episcopal presidida pelo Cardeal Dom Odilo Sherer (Foto: Divulgação / Diocese de Criciúma) 

No Brasil, morou em São Paulo, Curitiba, Bauru entre outras cidades. No exterior, Argentina, Paraguai, Colombia, Vietnã, Índia, Filipina e outros países. Na África, foi cumprir missões Rogacionistas. "Lá eu fui coroado. Quando chega uma autoridade religiosa, é coroado e recebi um báculo. É um respeito muito grande pelas autoridades, seja religiosa ou civil", contou. "No Iraque, eu visitei os campos de refugiados", completou. 

O chamado 

Bispo Ângelo não sabe ao certo como foi o chamado para seguir a vida sacerdotal. Para ele, as coisas foram acontecendo naturalmente. “Como a gente descobre um chamado? O que eu me recordo é que eu tinha duas tias muito fervorosas. O que eu sei era que eu queria ser padre. Claro que a vocação vem de uma família católica. Foi um período muito tranquilo, e o desejo ser padre e depois a gente vai começando a perceber. São os padres, as leituras, a oração e vai se formando a vida sacerdotal”, comentou. 

Segundo ele, apesar de ter tido experiências e vivências em muitos países e situações, nunca teve dúvidas daa sua escolha. “Eu nunca tive dúvidas sobre a minha vocação. Claro que eu tive medo das situações, anseios, escolhas e medos da vida, mas quando a minha vocação nunca tive dúvida. Então o chamado vai trilhando", completou. 

O chamado para ser Bispo Auxiliar de São Paulo

No dia 23 de junho, Angelo recebeu uma ligação do Núncio Apostólico do Brasil, que é o representante do Papa em país. "Ele me ligou e disse ‘O Papa Francisco te escolheu para ser bispo auxiliar de São Paulo. Tudo bem?’ só isso", contou.

Padre Antônio Vander (a esquerda) e Dom Ângelo (a direita) (Foto: Vitor Netto / 4oito)

Nesse momento o então Monsenhor Angelo teve que fazer uma consulta pessoal e espiritual para dar a resposta. "Não pode consultar ninguém. Até o anúncio não pode falar para ninguém. As pessoas que são consultadas são em segredo. Então claro que vem dúvidas, então eu pedi dois dias para pensar. Por medo, por idade, por minha história, tinha servido minha ordem religiosa em vários locais e situações e pensei ‘Agora tudo de novo? É o que Deus quer?’", completou. 

Ordenação Episcopal

A ordenação Episcopal ocorreu no sábado, 19, no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus e contou com a participação de importantes personalidades e autoridades religiosas de todo o país. A celebração foi conduzida pelo Cardeal Dom Odilo Sherer, Arcebispo de São Paulo. 

Dom Ângelo Mezzari tomará posse do ofício de Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo no dia 4 de outubro, em missa na Catedral da Sé, às 11h.

Ouça a entrevista na íntegra: 

Conheça mais da história de Dom Ângelo 

 

Ângelo Mezzari nasceu Sanga do Engenho, Forquilhinha (SC) em 2 de abril de 1957. Filho de Antonio Mezzari (já falecido) e Maria Etelvina Ronchi Mezzari, é o mais velho de sete irmãos. O desejo de ser padre manifestou-se desde pequeno. Ainda com 12 anos, em 1969, ingressou no Seminário Rogacionista Pio XII, em Criciúma (SC) onde concluiu o ensino fundamental e médio.
Quando se preparava para a etapa do noviciado religioso, na época da ditadura militar no Brasil, aos 18 anos, foi obrigado a fazer o serviço militar nas unidades de infantaria do exército, em Tubarão e Joinville (SC).
Em 1981, já em São Paulo (SP), professou os primeiros votos religiosos, e os votos perpétuos em janeiro de 1984, em Criciúma. Em sua terra natal voltou para que fosse ordenado sacerdote, em dezembro de 1984.
Ângelo Mezzari é formado em filosofia e teologia, possui mestrado na área de Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Católica Nossa Senhora da Assunção, PUC-SP. É também formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.
Entre as funções que ocupou na Congregação Rogacionista e a serviço da Igreja estão as de formador, diretor da Revista Rogate, diretor presidente do Instituto de Pastoral Vocacional, além de províncial geral da Província São Lucas por dois mandatos (2002-2010) e superior geral ente os anos de 2010 e 2016, quando residiu em Roma. Entre 1990 e 2010, foi colaborador e membro do Grupo de Assessoria Vocacional e contribuiu na realização dos Congressos Vocacionais do Brasil. Até agosto de 2020 atuou como superior da Comunidade Religiosa Rogacionista em Bauru (SP) e pároco da paróquia Nossa Senhora das Graças. Na Diocese, foi membro do Colégio de Consultores de 2016 a 2018, além de ter sido membro do Conselho de Presbíteros de sua nomeação episcopal.
 
Rogate Ergo: Conheça o Brasão e o Lema da ordenação de Dom Ângelo Mezzari
Três campos dominam o espaço: o amarelo, o azul e o branco.
O amarelo corresponde ao Divino, ao que é Sagrado, graça de Deus e de sua ação em nossa vida quando agimos em seu nome.
O azul corresponde ao humano – humus, o terreno sagrado onde Deus habita pela ação do Espírito Santo (de Deus). O azul também se refere as águas geradoras de vida: as águas do útero materno onde somos envolvidos e protegidos e as águas do Batismo, onde nascemos para Deus e para as coisas.
As águas envolvem todo o trabalho ministerial, que purifica e abençoa a vida cristã e, também, a do bispo.
O branco é sinal da abertura que damos a Deus e ao seu serviço do seu Reino. É a oração diária ao Senhor da Messe por mais operários. Está no centro, assim como, nosso coração que tem Deus como primazia e centro e se expande, transborda para o serviço amoroso. É ele quemencaminha nosso coração para amar e servir.
 
O Bispo: É Rogacionista, todos esses três campos são dominados pelos símbolos que rezam e clamam ao Senhor da Messe pelas vocações.
A Cruz: É o máximo do Amor que brota do coração de Deus e que deve brotar também do coração do bispo. Coração que se esvazia de amor-doação. Sinal do ministério. “O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas”.
Os círculos: São o sinal da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), do ministério que envolve todo ser. É dela que brota o amor, a força e a coragem para assumir com fervor ao serviço da Messe. Os círculos também remetem as três virtudes teologais: Fé, esperança e a caridade. São infundidas no coração humano com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir do Cristão.
Alfa e Ômega: Jesus é tudo para todos e a missão do bispo não pode ser outra – doação total. Nossa missão deve ser começar e direcionar para Ele – O princípio e o fim.
Roda de Carvão: Carvão é aquele que queima e aquece o coração serviçal do bispo pela ação do Espírito Santo. A roda de carvão refere-se também as origens familiares do Bispo.
O Coração: Torna o bispo decidido para colocar toda a sua vida a serviço do povo a ele confiado. É no coração do Bispo que o coração de Deus se derrama em amor e doação. Deus amando e se doando pelo coração e serviço episcopal.
O Trigo: Lembra o pão de cada dia. O bispo trabalha para que todos tenham o pão eucarístico, mas também luta pela justiça social para que haja pão na vida e na mesa de todos.
 
As águas: A água é a fonte geradora de vida. O arroz, da origem familiar e, o trigo sinal da colheita do Senhor da messe, são banhados pela águas. Jesus é a água viva que a tudo e a todos fertiliza e purifica.
 
O Lema: “ROGATE ERGO” – extraído da Bíblia, no livro de Mateus (9,38-39), indica todo esse serviço da Igreja como obra de um outro e não tarefa nossa. Com certeza, assim, a missão será um trabalho fecundo. “Rogai ao Senhor da messe, para que envie trabalhadores para sua messe”. A sensibilidade de Jesus diante da multidão é a mesma de um bispo Rogacionista. Esse mesmo Senhor envia-nos em missão de paz, ungidos pelo sopro de Seu espírito. “A messe é grande, mas poucos são os operários”. Como pessoa de oração, pelo testemunho de vida e o zelo por este mandamento de Jesus possa pelo seu ministério episcopal inspirar a muitos outros corações a responder seu sim ao Senhor da Messe. “A oração é, por natureza, dinâmica. Se não move, não é a oração”.
 
Entenda a Nomeação
Papa Francisco, por meio da Bula Papal, nomeou, em julho de 2020, Padre Ângelo Mezzari como Bispo Titular de Fiorentino e auxiliar na Arquidiocese de São Paulo (SP). Até então, Ângelo era pároco na Paróquia “Nossa Senhora das Graças” na cidade de Bauru (SP).

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