Apesar de terem realizado acordos pontuais com as empresas Angelgres e Elizabeth, os trabalhadores ceramistas continuam em greve. Paralisações em outras entidades do segmento cerâmico podem ocorrer ainda nesta semana, a partir de terça-feira, e tratativas seguem sendo encaminhadas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Ceramistas de Criciúma e Região, Itaci de Sá, não há como paralisar todas as empresas de uma só vez e, por isso, serão feitas divisões. Na tarde deste sábado, 20, os trabalhadores entraram em acordo com a Angelgres, que atendeu as reivindicações do sindicato.
“Paramos a Angelgres no sábado a tarde e fizemos a negociação com a empresa, que deu 6,5% de reajuste para quem ganha até R$ 6 mil, abono de férias para todos os associados no valor de R$ 1,3 mil. Além disso, não contempla nada de escala de 12 por 36, porque já tem esta escala na empresa e os trabalhadores não querem mais, então fizemos um acordo que a empresa irá melhorar, dar café da manhã e de tarde, pagar feriados com 100% e adicional noturno de 30%, renovar a convenção anterior no total e o 12 por 36 continua até o fim do mês de junho, aí voltaremos a negociar”, disse Itaci.
Os trabalhadores do setor chegaram a se reunir em frente a Elizabeth, mas não paralisaram as atividades. Isso porque a empresa apresentou um acordo semelhante ao da Angelgres, não tendo definido somente o aumento real. Às 9h desta terça-feira, os trabalhadores irão se reunir novamente com a empresa para tratar sobre a questão do aumento.
Itaci denúncia ainda um suposto ocorrido dentro de empresas como Eliane, que estariam fazendo um abaixo assinado com o intuito de realizar uma nova assembleia e votar pela proposta patronal apresentada no sábado. O presidente do Sindiceram, Otmar Müller, no entanto, afirma que a situação não é exatamente como Itaci vem declarando.
“Foi apresentado a ele uma proposta no sábado de manhã em reunião, que foi praticamente igual a esse imposto de noite pela Angelgres e Elizabeth. A proposta prevê um reajuste para salários de até R$ 5,7 mil, pelo valor integral do INPC, com adicional noturno de 30% e horas extras de 100% a partir da quadragésima hora mensal, em feriados e domingos. A diferença que existe é o abono de férias, a empresa se propõe a pagar o abono mas para todos os funcionários, não só para os sindicalizados”, disse Otmar.
A proposta que havia sido apresentada pelo Sindicato Patronal aos trabalhadores é de que o abono de férias, atualmente pago somente aos sócios do Sindicato dos Trabalhadores, fosse reduzido para R$ 600 e distribuído para todos, não somente os sócios. O Sindicato, no entanto, segue reivindicando o pagamento de R$ 1,2 de abono.
“Não queremos tirar o abono, mas que seja para todos. Itaci se recusou, fotografou e se recusou a receber a nossa proposta, sob a condição de que se divulgassem a proposta entrariam em greve. Sentimos que não tem sido levado para as assembleias a essência das propostas empresariais, todas votações do sindicato são distorcidas as propostas”, pontuou Otmar.