8 de agosto é o dia do pedestre. As crianças, os jovens, estudantes, trabalhadores, idosos que usam as calçadas para locomover-se dentro das cidades nem sempre encontram vida fácil. Pisos irregulares, ausência de semáforos e carros que não respeitam as leis de trânsito e as sinalizações são os principais inimigos. Em Santa Catarina, um dado alarmante: o Estado é o quarto no Brasil com maior número de pedestres que recebem indenização em acidentes de trânsito. Neste ano, já foram 3,2 mil.
A reportagem do Portal 4oito foi às ruas e ouviu as principais reclamações de quem transita a pé por Criciúma. A má conservação das calçadas é o que mais gera reclamações, seguido pela falta de educação de motoristas: a não utilização das setas para fazer as conversões e o atropelo à faixa de segurança.
“A gente nunca sabe se dá pra atravessar ou não. O pedestre não tem segurança perante um veículo. O carro para no semáforo, a gente não sabe se depois ele vai continuar em frente ou se vai dobrar, porque ele não dá a seta. A gente pensa que ele vai reto, mas quando vê ele dobra sem dar sinal”, reclama Ramires, 27 anos, enquanto caminha pela rua Marcus Rováris, no centro de Criciúma. “Calçamento irregular”, interpela o amigo Mauri, de 34 anos, quando a pergunta é sobre os problemas estruturais enfrentados pelos pedestres na cidade.
Educação no trânsito
Na avaliação de Remerson Luiz Vicencia, gerente de educação e trânsito do DTT, de Criciúma, a conscientização faz-se necessária tanto para os motoristas quanto para os pedestres. “Não é simplesmente colocar o pé na faixa e atravessar. Quando há uma faixa de contenção, que é o o limite de respeito dos carros, a preferência é dos carros. Quando não tem, a preferência é do pedestre”, explicou.
Para a pedestre Maria Pacheco, de 64 anos, a questão da faixa é a principal dificuldade para o pedestre criciumense. “As pessoas não param nos sinais que têm que parar. Em outras cidades que tu vai, tu mal coloca o pé na faixa e os carros já param”, argumenta. “As calçadas são ruins para andar, às vezes não tem lugar para passar. A gente vê que as calçadas são bem precárias”, avalia Juliana, de 34 anos.
Medidas
Recentemente, a prefeitura efetuou a troca das sinaleiras para pedestres no Centro da cidade. No entanto, a avaliação é de que, devido à escassez de verbas, faltam semáforos para os pedestres. “As sinaleiras para pedestres estão onde há fluxo intenso. Grande parte dos semáforos deveria ter a sinalização para o pedestre, mas devido às dificuldades orçamentárias, não é possível”, esclarece Rémerson. Eles estão instalados principalmente no Centro, no entorno da praça Nereu Ramos e próximo a shoppings e supermercados.
O estado das calçadas, de acordo com Rémerson, é uma preocupação do poder municipal. “Tem que haver um padrão, respeitando a acessibilidade. É difícil de fiscalizar. O proprietário constrói a calçada e pode passar um carro e caminhão e quebrar a calçada. É difícil reparar constantemente. Também passa por um trabalho de educação para que elas não sejam danificadas”, aponta.
Em maio, a prefeitura organizou campanhas referentes ao Maio Amarelo, relacionadas aos perigos do trânsito. Em setembro, vai haver uma série de atividades para conscientização na Semana Nacional do Trânsito. "Algo referente, especialmente, aos idosos atravessando nas faixas de segurança", antecipa Rémerson.
Indenizações pelo Brasil
A DPVAT, seguradora que cobre acidentes em todo o país, lançou dados alarmantes para os pedestres. Eles são as maiores vítimas em acidentes de trânsito. Neste ano, das 155 mil indenizações, mais de 48 mil foram para os pedestres .
A seguradora aponta uma série de medidas cautelares que podem ser adotadas para evitar acidentes. “Entre os principais cuidados a serem adotados pelos pedestres estão: atravessar a rua olhando para os dois lados e sempre na faixa para pedestres; evitar o uso de fones de ouvido e aparelhos celulares enquanto andar pelas ruas; caminhar sempre pelas calçadas; não atravessar a rua por trás de carros e ônibus que dificultem ser visto”, divulgou em release.