Há duas décadas, os moradores do Sul de Santa Catarina vivenciaram a passagem do Furacão Catarina. O fenômeno deixou diversos feridos e, segundo a Defesa Civil estadual, 11 pessoas morreram em meio a tragédia. Diante do rastro de destruição, diversos órgãos do estado foram responsáveis por ajudar as pessoas a enfrentarem esse grande desafio, entre eles, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC).
O trabalho dos bombeiros durante o furacão mostra a dedicação ao salvar vidas e ajudar as comunidades. O comandante do 4° Batalhão de Bombeiros Militar (4°BBM) de Criciúma, tenente-coronel Henrique Piovezam da Silveira, relembra o fato. “Eu lembro das cenas do caminho, árvores caindo, telha voando, e a gente desviando para chegar no quartel e prestar apoio. As pessoas tentavam fugir do furacão e nós saímos de casa para cumprir nosso juramento de prestar socorro a qualquer pessoa e fazer nosso trabalho, mesmo com o risco da própria vida”, ressalta o comandante.
Os bombeiros do 4°BBM, foram reunidos na tarde do dia 27 de março e ficaram sob aviso do possível fenômeno, alguns retornaram para as residências e outros já ficaram de prontidão no batalhão. “Na eṕoca eu e meu pai, que também era bombeiro, morávamos perto do quartel, nós voltamos para casa depois do alerta e por volta da meia noite, ligaram pra gente pedindo apoio”, comenta o tenente-coronel Henrique.
Segundo o sargento Cristiano Bernardo da Conceição, que na época atuava no quartel de Araranguá, eles só se deram conta das proporções do estrago causado pelo vento no dia seguinte. “Por um momento o vento parou, pensamos que o pior havia passado. Foi então que recebemos uma ligação de Florianópolis avisando que estávamos no olho do furacão e que começaria o vento outra vez, desta vez do lado oposto”, conta o sargento.
Além do trabalho durante a tempestade, a corporação desempenhou um papel fundamental na fase de recuperação pós-desastre. “Vieram equipes de outros batalhões para ajudar. O que a gente fazia era trabalho de limpeza, corte de árvores, mas até a gente conseguir chegar e ter acesso a esses locais, era uma cena de outro mundo. Tudo estava devastado, principalmente nas cidades do extremo Sul Catarinense”, salienta o subtenente Dalcionei Valim.
De acordo com o subtenente Carlos César da Silva, o Corpo de Bombeiros não tinha recursos suficientes na época para lidar com uma ocorrência daquela magnitude. “Hoje cada bombeiro tem o seu próprio equipamento individual, naquela época era tudo mais precário. Poucas viaturas, ferramentas, era uma catástrofe muito grande para a nossa estrutura. Agora com o avanço da tecnologia é mais fácil a gente se preparar para um cenário daquele”, reforça.
Colaboração: Edna Schmitz/Corpo de Bombeiros