É natural que o fluxo tenha diminuído, e bastante, pelas bandas da Serra do Rio do Rastro. Mas em tempos de pandemia de coronavírus, com os decretos de isolamento social em vigor em Santa Catarina, ainda assim há quem se arrisque em um passeio pelas diversas curvas da SC-390 entre Lauro Müller e Bom Jardim da Serra.
São bem menos visitantes, mas eles ainda passam por ali. Tanto que um dos mais antigos paradouros do meio do caminho ali está, aberto, com seus cartões postais, artesanatos e um cafezinho, além da fonte que jorra perto dali e chama a atenção. Mas há outros estabelecimentos no caminho fechados.
No começo da tarde deste sábado, 11, a reportagem do 4oito flagrou algumas famílias - carros com placas da região e também de outros lugares, como Araranguá e Joinville - passeando no trecho, parando nos pontos de observação e interagindo com a natureza local. O friozinho, nada rigoroso mas convidativo, chamava para o passeio, embora os riscos. Alguns motociclistas também fizeram o roteiro, claro que em menor número do que um sábado desse permitiria em condições normais.
Vencida a última curva, a placa acima da rodovia sinaliza que o viajante deixou Lauro Müller para trás e alcançou Bom Jardim da Serra. Algumas centenas de metros depois e a surpresa: até o famoso Mirante da Serra do Rio do Rastro está fechado. Cones de sinalização e fitas indicam que não é possível passar por ali. Ou seja, até o turismo de observação dos altos da Serra está vetado. Um tanto óbvio, já que o local costuma aglomerar bastante gente.
Logo em seguida do estacionamento fechado do Mirante - e as lojas ali localizadas, com suas portas trancadas - está o posto da Polícia Militar Rodoviária. Ali, a prefeitura de Bom Jardim da Serra instalou uma barreira sanitária. Uma gentil atendente, usando máscara, abordou o carro da reportagem, fez algumas perguntas sobre origem, destino e razão da viagem, indagou a respeito de prevenção, constatou que havia máscara e álcool gel no carro e pronto, liberou.
Dali, um bate e volta de 12 quilômetros até o Centro de Bom Jardim da Serra permitiu constatar o clima de apreensão e marasmo que vive a já pacata cidade serrana. Pouquíssima gente na rua, comércio fechado, apenas o posto de combustível da margem da rodovia atendendo aos poucos clientes. Há, no ar, duas agonias: a do vírus, com o risco da chegada dele, e a da economia, ainda mais estagnada com tudo absolutamente parado. O turismo de inverno, que já começa a aquecer no princípio do outono, não dá o ar da graça. A expectativa aumenta um pouco com a liberação do trabalho dos hoteis a partir da próxima segunda-feira, 13, conforme anúncio feito neste sábado pelo governador Carlos Moisés.
Além disso tudo, a constatação de que a SC-390 requer cuidados entre Lauro Müller e Bom Jardim da Serra. A vegetação cresce, toma alguns pontos, e em ao menos dois locais foi possível observar vestígios de recente movimentação de encostas, com pedregulhos nas margens. Em um ponto, já mais próximo da planície, no Guatá, meia pista chega a estar comprometida pelas pedras que rolaram. Em outro local, já em meados do aclive serrano, os pedregulhos estão amontoados nas laterais.
Seja como for, a Serra do Rio do Rastro também vive a espiar o coronavírus. Os casos ainda não chegaram por ali. São oito em Lages e um em Rio Rufino. De resto, as cidades do entorno ainda passam em branco. Mais próximo, um caso confirmado em Orleans. E a vigilância continua.