Após 12 anos, o Brasil voltou a ser campeão da Copa América de basquete feminino. De forma invicta, a Seleção Brasileira venceu os sete jogos da competição e, na final, derrotou os Estados Unidos por 69 a 58.
Entre as 19 jogadoras convocadas, uma criciumense esteve presente e fez história vestindo a camisa 23 da Seleção Brasileira. A ala Emanuely de Oliveira, que começou a carreira jogando em Criciúma e, atualmente, joga pelo Sampaio Basquete.
“É uma felicidade muito grande, a gente foi com essa intenção [de ser campeão], mas com certeza sabíamos que seria um campeonato difícil, não sei explicar a alegria que foi vencer”, diz a jogadora.
Na fase de grupos, a Seleção Brasileira enfrentou os Estados Unidos, a Argentina, Venezuela e Cuba e depois derrotou o México, Porto Rico e, novamente, a seleção norte-americana para vencer o campeonato. “Pegamos uma chave difícil, mas a gente sabia que não era um bicho de sete cabeças e que seria possível ganhar se a gente jogasse bem em equipe”, comenta Emanuely.
O início e a professora Luana
O começo do basquete na vida de Emanuely está totalmente ligado ao projeto de basquete feminino da Sociedade Recreativa Mampituba/Fundação Municipal de Esportes (FME)/ Criciúma/SATC que tem a participação da treinadora Luana Scaini Minotto. Mas antes, a jogadora começou por um outro esporte, o futebol.
“Não gostava tanto de treinar, então a Luana estava fazendo um projeto de basquete, foi nas escolas convidar as meninas e eu resolvi dar uma chance para jogar. No início, não gostava de jogar, tive que aprender e hoje em dia é tudo [pra mim]”, destaca a jogadora.
Mesmo anos depois e passando por alguns clubes, o contato e a gratidão com a antiga treinadora ainda está presente na vida de Emanuely. “A Luana tem uma importância grande na minha vida, até hoje é uma das pessoas que eu procuro quando vou tomar alguma decisão no basquete, é uma pessoa que sempre vai fazer parte da minha história e de todas as minhas conquistas”, diz a jogadora.
“Tenho um agradecimento especial a ela que é parte da minha vida e ao basquete de Criciúma. Se não fosse por eles, eu não estaria onde estou”, complementa.
E para Emanuely, o investimento feito no basquete melhorou nos últimos anos. “Acredito que na base [o time de Criciúma] é um dos melhores times para se jogar, mas com certeza sempre falta um pouco de investimento e visibilidade”, acrescenta.
A criciumense que foi atrás do sonho internacional
Depois do período em que jogou em Criciúma, Emanuely teve a oportunidade de realizar seu sonho e jogar pelo High School (ensino médio) nos Estados Unidos, lá a atleta ficou seis anos e jogou pela Universidade da Flórida.
“Foi uma experiência, mas foi uma parte difícil da minha vida porque fiquei fora de casa, tive que aprender uma nova língua e também um basquete diferente, mas foi um crescimento muito grande tanto dentro quanto fora de quadra”, ressalta a atleta.
A diferença citada pela jogadora está mais na parte técnica do que na tática entre o basquete americano e o brasileiro. “Os técnicos daqui estão muito bons em relação a tática, mas nos Estados Unidos se começa a jogar com dois anos de idade, as meninas chegam aos 12 anos em um nível muito grande e aqui no Brasil ainda não tem uma escolinha dessas para criança, começa muito tarde e não chega ao nível das crianças de lá”, explica.
Após o período nos Estados Unidos, Emanuely voltou para o Brasil e jogou uma temporada pelo Vera Cruz Campinas, ficando em segundo lugar da Liga Basquete Feminino, depois a jogadora passou pelo União Sportiva, de Portugal, e atualmente está na equipe do Sampaio Corrêa Basquete.
A amarelinha e inspiração para novas atletas
Vestir a camisa do Brasil não é uma novidade para a jogadora, que desde a categoria sub-17 recebeu convocações. “Chegar na seleção adulta sempre foi um sonho e jogar com a Erika e a Damiris [companheiras de seleção], é uma sensação muito boa”, pontua Emanuely.
Com a conquista, agora o Brasil disputa o Pré-Olímpico Mundial para brigar por uma vaga para as Olimpíadas de 2024, que vai ser realizada em Paris. A França e os Estados Unidos já estão classificados.
“A meta é chegar nas Olimpíadas do ano que vem, e para agora é ganhar a Liga de Basquete Feminino, sobre a vaga acredito que tem uma chance muito grande, mas com certeza seria bom treinar mais, ter mais amistosos e se preparar mais”, opina a jogadora.
Campeã com a camisa da Seleção Brasileira, Emanuely quer se tornar referência para jogadoras mais novas. “Depois desse campeonato recebi muitas mensagens e de pessoas que nem imaginava, acho que sou muito nova e tenho muito que aprender e conquistar, mas acredito que o que puder fazer sempre vou estar ali para ser um exemplo”, finaliza.