Na manhã desta terça-feira, 12, a Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da 2ª Delegacia Especializada no Combate à Corrupção de Tubarão (DECOR/PCSC), executou mais uma fase da operação "Vale do Silício", que apura crimes ligados ao setor de informática em Sangão. Um dos resultados desta fase foi o afastamento cautelar do prefeito por 45 dias.
Em entrevista ao programa Conexão Sul, da Rádio Som Maior, desta terça-feira, 12, o delegado Gustavo Muniz, da DECOR/PCSC, afirmou que um dos fatores que chamou a atenção da Polícia foi a desproporção entre os gastos e o tamanho do município. Uma das diferenças mais espalhafatosas foi a aquisição de coolers, peça de resfriamento de computador. "Dá para fazer uma ventania boa", ironizou.
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"Quando iniciamos a investigação, não tínhamos como pedir essa documentação. Após a primeira fase, requisitamos esses empenhos para ter uma visão mais aguçada dos montantes. Depois que planilhamos e fizemos a somatória, vimos que tinham coisas que beiravam o absurdo. Um item que chamou a nossa atenção foi o cooler, aquele ventiladorzinho do computador. Há um volume de trocas e aquisições bem exacerbadas. São quase 400 unidades, sendo que o município tem 60 computadores", explicou Muniz.
A operação começou em 2012 e inclui apurações de gestões passadas, mas o afastamento do atual mandatário acontece depois do surgimento de indícios da continuidade do esquema na gestão, argumento aceito pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Segundo o delegado, a investigação trabalha com o montante de R$ 1,1 milhões em fraudes de licitação e conexos.
"A prática foi continuada, tanto o que apuramos de fraude em licitação quanto desvios dentro do contrato, coisas fora do padrão para o município. Alguns indícios surgiram em relação a essa período de atividade da gestão atual e o tribunal entendeu que nossos argumentos eram plausíveis e que o afastamento era necessário para conclusão da investigação", comentou ele.
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O prefeito, que foi notificado presencialmente pela Polícia Civil, deve ser ouvido após a obtenção de dados dos celulares e aparelhos apreendidos durante a execução da terceira fase da operação.
"Ele foi notificado pessoalmente durante a busca e apreensão. Nós também comunicamos a Câmara para os procedimentos cabíveis, bem como vice-prefeito, que automaticamente assume a gestão. No momento certo, vai ser ouvido. Nós partimos agora para a extração de dados por meio do IGP e da Polícia Científica, que acompanharam as diligências conosco. Entendemos que o momento adequado para as oitivas seja após ter o acesso a esses dados para evitar ter de chamar novamente", disse Muniz.
Ouça a entrevista completa do delegado Gustavo Muniz: