A volta das atividades do setor automotivo está sendo devagar em Criciúma. As concessionárias projetam uma queda de até 50% nos negócios, decorrente da pandemia do coronavírus. O setor não descarta demissões nos próximos meses e ainda não consegue estimar a velocidade da recuperação econômica.
"Não sabemos, há uma incerteza muito grande (sobre a recuperação econômica). Só sabemos que será mais lenta. O setor vem devagar há quatro ou cinco anos, em 2019 deu uma recuperada, 2020 estava um pouco melhor do que no ano passado, mas o volume de vendas despencou agora neste mês. Tem muita venda direta de fábrica, com os pedidos feitos em janeiro e fevereiro e que chegaram em março. Alguns carros foram emplacados, outros esperam o Detran ser aberto", disse Renato Costa, diretor regional da Fenabrave e diretor de uma concessionária em Criciúma.
O Sul de Santa Catarina foi a região com a maior queda no emplacamento de veículos no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o ano passado.O decréscimo foi de -17,93%. Foram emplacadas 4.906 unidades no trimestre de 2020, contra 5.978 de 2019. Já quando comparados os números dos emplacamentos de março 2020 em relação a fevereiro, a queda foi de -31,55%.
De acordo com o levantamento na comparação de março e fevereiro de 2020, a diminuição foi de - 32,27%. Foram emplacadas 38.464 unidades no acumulado de 2020 contra 43.918 no acumulado de 2019.
"Nossa estimativa, trabalhando em um cenário de crise até moderado, é de queda de 50% (nos negócios). Seja pelo receio do cliente, que não está com o apetite, seja por pensar no futuro. O nosso negócio é de margem baixa e valores altos, então cada unidade que não se vende, pesa porque a maioria das despesas são fixas. É um desafio para todos", aponta Renato.
As empresas de automóveis deram uma prorrogação de três meses nos financiamentos de veículos, mas há perspectiva de aumento da inadimplência. Com a queda dos negócios, torna-se latente a possibilidade de demissões no setor.
"Cada distribuidor tem uma postura. Alguns ajustes terão. Vamos entendendo a cada turno para conseguir enxergar melhor nos próximos 30 ou 60 dias, para onde vai a contaminação desse vírus. A intenção é que uma ou outra demissão vai ter que ter, talvez também redução de jornada com redução de salários se não conseguir superar. A grande preocupação é atingir o ponto de equilíbrio para não afetar o caixa, conseguir pagar as contas e seguir em frente", conluiu o diretor da Fenabrave.