Um projeto articulado entre a sociedade civil pública e privada propõe o desenvolvimento de uma rede de escolas públicas, 100% autossustentáveis, para a América Latina. Denominado “Una Escuela Sustentable”, o modelo utiliza construção, inovação e sustentabilidade como ferramentas para repensar a educação.
O Uruguai foi o primeiro país a inaugurar uma unidade da escola autossustentável na América Latina. A cidade de Jaureguiberry, no estado de Canelones, abraçou o projeto em 2016. Em 2018 foi a vez da Argentina ganhar a segunda escola da rede.
O projeto foi assinado pela Tagma, uma ONG uruguaia que reúne profissionais de engenharia e arquitetura, ecologicamente conscientes. Na escola sustentável foram usados dois mil pneus, cinco mil garrafas de vidro, oito mil latas de alumínio e dois mil metros quadrados de papelão. A construção de 270 m² seguiu o método do norte-americano Michael Reynolds, arquiteto que defende, há mais de 45 anos, uma forma de viver radicalmente sustentável.
A proposta de Reynolds é a reutilização de materiais não convencionais a partir do fluxos de resíduos, testando os limites dos códigos de construção. Criador da Earthship Biotecture - empresa especializada em bioarquitetura de baixo custo -, além da construção de escolas, entre seus projetos estão habitações ecológicas, com auto-suficiência de água e energia.
A escola de Jaureguiberry, no Uruguai, conta com placas de energia solar e moinhos de vento para geração de energia, além de hortas que produzem alimentos orgânicos para a merenda. Cerca de 60% do material utilizado na escola é sustentável. Desde que foram apresentados ao projeto, em 2014, moradores da comunidade local colaboraram para torná-lo real. A construção, que demorou apenas sete semanas, contou com mais de 200 voluntários do Uruguai e de outros países.
“Com este projeto, temos a possibilidade de parar de protestar e começar a propor. Fazer algo para mudar o que acreditamos que precisa ser mudado, o que acreditamos que tem de ser diferente”, destaca Martín Espósito, coordenador geral do projeto, no teaser documental da Escuela Sustentable.
A escola de Jaureguiberry está pronta para atender cerca de 100 alunos, e tem como missão colocá-los em contato direto com a natureza e o meio ambiente, aliando aprendizado e sustentabilidade.
Em 2018, a Argentina também abriu sua primeira escola autossustentável. A cidade contemplada com o incrível projeto foi Mar Chiquita, região central do país, a cerca de 380 quilômetros ao sul de Buenos Aires. A Earthship também forneceu o método de construção, assim como a Tagma ficou responsável pelo projeto e o setor privado com o financiamento.