A melodia e as notas da música Curumim, do pianista Cézar Camargo Mariano, levaram o criciumense Arthur Mariot Nascimento, de 19 anos, a conquistar uma vaga no curso de Piano em Música Popular na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Aluno das oficinas da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), ele ficou com uma das duas vagas disponíveis para o país na graduação, no instrumento piano. Mas até esse momento de triunfo, Arthur passou por longo período de preparação, estudo e prática.
Referência na Música, o processo de vestibular é composto por apresentar três vídeos com tempo estipulado, sendo uma música exigida pela banca e outra a escolha do candidato. Arthur escolheu Curumim, gravando no palco do Teatro Elias Angeloni. "É uma música bem difícil e não é muito óbvia. Então, começamos a praticar e eu acabei desenvolvendo muito meu samba graças a essa peça", afirmou. Com a escolha, ele tirou uma nota 43.5 de 48. Ainda, tinham mais duas provas e uma redação. Mais 72 questões objetivas e 88 questões discursivas pela frente, as avaliações foram realizadas em Curitiba.
"Duas viagens até lá, mas a família apoiou para manter a motivação. Com planejamento e muita dedicação o resultado chegou. A importância desse resultado era a prioridade da família e dele, todo planejamento era voltado para essa conquista que consideramos a mais importante das nossas vidas", revelou a mãe de Arthur, Carol Mariot. Ela ainda lembra que as expectativas eram grandes, mas o medo também, já que o número de vagas diminuiu, de cinco para duas. "Rezei muito a Deus. No dia da gravação, eu estava de joelhos na Matriz São José pedindo que ele pudesse entregar nesse vídeo tudo que aprendeu e que pudesse transmitir para banca examinadora todo conhecimento e deu certo".
Ela ainda lembra que o resultado saiu no dia 26 de janeiro, dez dias de antecedência, e o nome dele estava na lista dos convocados. "Veio todas as emoções juntas quando vi que estava convocado, nós acreditávamos que daria certo pelos resultados que já tínhamos, mas nada como ver realmente o nome na lista da universidade.
Estamos orgulhosos dele, já que a música popular brasileira será criciumense, vamos representar no cenário nacional com um menino tão jovem", completou.
Arthur lembra do trabalho e da dedicação para alcançar este objetivo, fez cursinho, estudava e praticava todos os dias. "Muito feliz com o estudo que fiz sobre a música, quando saiu o resultado, estava muito confiante, pois eu sabia do meu esforço e dedicação. Realmente eu amo a música, é o que eu mais gosto de fazer, eu gosto de tocar muitos estilos, rock, blues, jazz, bosa nova, samba, elementos de metal, tocar acústico, reggae", completou.
Mas nessa história, além da participação da família do músico, teve uma presença decisiva e contribuiu com todo o processo, o professor de piano, Leonardo Teixeira Pereira. A mãe de Arthur externou seu agradecimento ao professor, a M42Filmes e a FCC por todo o apoio. Ela também afirmou que o professor o apoiou e o orientou na decisão. "Com certeza essa conquista também é dele. O Léo é incrível, ensinou e apoiou na sua escolha, deu segurança de que ele era capaz de ser um músico e que estava no caminho certo", frisou.
O professor conta que ambos conversaram para escolher um curso que fizesse mais sentido ao perfil de Arthur, então que chegaram ao curso de Piano em Musica Popular da Unicamp. "O primeiro ano nos serviu pra conhecer a banca como eles pensavam e isso foi fundamental pro sucesso, uma vez que entendemos como a banca pensava trabalhamos em desenvolver uma certa mentalidade de pensar na música, na performance e no restante".
Ele ainda completa que o vestibular de Música é ainda mais concorrido pois a disputa pela vaga é entre os profissionais da área. "Uma vez que entendemos a banca e o que ela esperava dos candidatos, uma certa brasilidade e versatilidade, a escolha foi pelo grande pianista Cesar Camargo Mariano com a música Curumim. O tiro foi certeiro".
Os vídeos gravados pelo Arthur para a banca estão disponíveis no Youtube por meio do link: youtube.com/watch?v=laeMI4qCmQg e youtube.com/watch?v=4YvN6T-E_VA.
Trajetória até a conquista
A jornada iniciou em 2021, mas a música cruzou o caminho de Arthur muito antes. Ainda criança, com 8 anos, ele teve o seu primeiro contato com o violão, porém sua paixão veio com o piano aos 13. "Ele viu o teclado na casa da vizinha e pediu para usá-lo, ele ia sempre para tocar e começou a estudar sozinho, estudando com clássicos como Beethoven e Chopin", completou a Carol.
"O teclado comecei por brincadeira, por diversão, e meus pais viram que eu tomei gosto resolveram me dar um teclado para explorar meus gostos e desenvolver minha técnica. Ao passar dos anos, em datas comemorativas, eu pedia instrumentos musicais, assim comecei no baixo e também no violão", comentou Arthur.
Quando ele ganhou o teclado, Carol buscou na FCC aulas de piano e a primeira professora foi a Deise Marconi, que o levou para sua primeira apresentação na Acic. "O Arthur sempre foi um aluno dedicado e diferenciado. Em pouco tempo, ele já tocava músicas de muita complexidade. Começamos os estudos de piano, em 2018, trabalhamos a teoria e prática, aliada à sua criatividade e habilidades musicais", conta.
Deise também afirma que esta conquista é importante para toda a cidade e também para os professores. "Talentos novos são descobertos e impulsionados para seguir adiante. As oficinas de artes da FCC se firmam cada vez mais no cenário cultural da nossa cidade, proporcionando aos alunos um aprendizado e amadurecimento dentro das várias modalidades de artes ali concentradas", destacou.
De acordo com o presidente da FCC, Joster Favero, um resultado como este de Arthur evidência a potencialidade cultural e artística que Criciúma possui. Mostrando também a importância e a relevância do trabalho exercido pela fundação para fomentar e desenvolver estas potencialidades. "Sem esse olhar do poder público em garantir as políticas públicas para nossa sociedade seria difícil de descobrir essas potencialidades. É uma honra, um fato histórico para a nossa cidade, a gente tem que evidenciar muito isso e que seja um exemplo a ser reproduzido junto aos jovens para incentivar o desenvolvimento da cultura", completou.