O cabo que rompeu da ponte pênsil sobre o Rio Mampituba estava corroído e deveria ter sido substituído. É o que aponta o inquérito da Polícia Civil de Santa Catarina, que deve ser concluído em 30 dias. O rompimento fez com que dezenas de pessoas caíssem na água e uma das vítimas, um jovem de 20 anos, não sobreviveu.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Araranguá, Maurício Pretto, um conjunto de fatores ocasionou o acidente. "Outras estruturas da ponte também estavam com alto índice de corrosão, principalmente, voltadas ao lado gaúcho. Você percebe que o sistema de ancoragem no Rio Grande do Sul era diferente do lado catarinense. Isso acabava ocasionando maior nível de tensão nestes locais. Em razão disso, tivemos o rompimento também associado ao número excessivo de pessoas sobre a ponte e algumas estavam chacoalhando excessivamente", comenta.
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No local, havia uma placa informando que a capacidade permitida era de 20 pessoas sobre a ponte. Outro ponto destacado pelo delegado é a falta de cabos reservas para sustentar a ponte e evitar que ela caísse em caso de rompimento dos equipamentos da estrutura principal.
O trabalho de investigação está sendo realizado em parceria com a Polícia Civil e peritos do Rio Grande do Sul. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) também irá fazer um levantamento. "Estamos oficiando as prefeituras pedindo laudos, materiais, licitações e planos de manutenção. A gente percebe que ali, pelo andar das investigações, não havia uma manutenção programada e não era feita de acordo. Era uma inspeção visual", salienta.
Prefeitura diz que ponte passou por manutenção de rotina
Na segunda-feira (20), dia do acidente, o prefeito de Passo de Torres, Valmir Augusto Rodrigues, afirmou que a ponte pênsil passou por uma manutenção de rotina pouco antes do Natal. "Com a capacidade e as pessoas que estavam em cima, não tem ponte que resista", disse na oportunidade.
Conforme Maurício, a manutenção é de responsabilidade das duas prefeituras e deveria ser feita em conjunto por meio de um consórcio intermunicipal. "Pelo que percebemos, cada uma fazia a sua manutenção no seu lado, mas as estruturas principais não foram substituídas e não haviam cabos reserva. Essas situações precisam ser investigadas", afirma.
"A manutenção que a prefeitura fez nos últimos dias foi das estruturas de madeira que ficam no piso da ponte e alguns cabos secundários. Os cabos principais, que seguram a estrutura, apresentaram uma corrosão linear", complementa.
O delegado ainda menciona que, há aproximadamente 60 dias, um barco pesqueiro ficou enroscado na ponte pênsil. "Neste momento, a ponte deveria ter sido interditada porque era visível o estado de degradação. Mais cedo ou mais tarde essa ponte iria cair", finaliza.