O isolamento social foi determinado para conter o coronavírus. Santa Catarina foi um dos primeiros estados a decretarem a suspensão de atividades comerciais, transporte coletivo e aulas. A medida ajudou a conter a propagação do vírus; agora, o Estado é um dos primeiros a afrouxar, com a liberação do comércio, mas com restrições. O transporte continua suspenso, assim como aulas e o futebol. Mas até quando?
Não há resposta para o retorno do futebol. O transporte tem proibição até o fim de abril, mas pode ser prorrogado. Comerciantes, empresários e funcionários do transporte coletivo, jornalistas e dirigientes de futebol debatem continuamente quando e o que poderia voltar a funcionar. O biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Doutor Bactéria, deu o parecer técnico sobre essas situações, em entrevista ao Programa Agora, da Rádio Som Maior, nesta terça-feira, 28.
Comércio
Com a reabertura das lojas, os comerciantes reclamam das restrições. A impossibilidade de provar roupas, por exemplo, foi apontada como um dos motivos para a baixa nas vendas. E aí, Doutor Bactéria? Provar a roupa na loja é problemático?
"Se uma pessoa espirrar ou tossir, nos primeiros dez minutos até duas horas, pode transmitir. É difícil a pessoa saber que vai ficar doente e a pessoa chega a passar o coronavírus até um dia antes dos primeiros sintomas. Como você vai saber que vai ter? Não tem jeito. A utilização de máscaras, passar álcool gel nas mãos, são boas indicações. Experimentar roupas é complicado. A roupa que você leva para a sua casa, precisaria no mínimo ficar duas horas ventilado. Dificilmente vai acontecer nas lojas", explicou.
Transporte
A reclamação pelo transporte abrange outras categorias, mas também contempla os comerciantes. Empresas do transporte coletivo estão sem faturamento e ameaçam demissões no setor. Comerciantes dizem que os clientes não têm como chegar às lojas. O decreto estadual suspende, a princípio, o transporte coletivo até o dia 30 de abril. Doutor Bactéria acha que é uma atividade essencial, mas que precisa de adaptações.
"Você dificultar a ida do pessoal para serviços essenciais é complicado. Tem o pessoal de limpeza, enfermeiras, hospitais. Pessoas que trabalham em supermercado que precisam de condução. Se tirar, tinha que dar outra opção. O que poderia fazer, por exemplo, é obrigatoriedade do uso da máscara dentro do ônibus. Educar as pessoas para não levar a mão no rosto, nos olhos. O transporte é uma coisa que é necessária para as pessoas chegarem ao serviço", alerta.
E o futebol?
Há movimentação para retorno dos estaduais no país. Por outro lado, Argentina e Holanda cancelaram o calendário anual, sem previsão de retorno. Em Santa Catarina, fala-se em um retorno próximo do Campeonato Catarinense. Será que é uma boa ideia?
"Não só futebol, mas o ajuntamento de pessoas. Está claro que o vírus passa de pessoa a pessoa. Ela estando a menos de um metro e oitenta de outra doente, a possibilidade de pegar é muito grande", pondera o Doutor Bactéria.