América Latina em crise. Considerado um dos países mais estáveis economicamente e com maior desenvolvimento social do continente, o Chile testemunha manifestações pesadas nas principais cidades. O estopim para a multidão tomar as ruas foi o aumento da passagem do metrô, mas tem uma causa muito mais profunda. A onda de protestos está sendo fortemente reprimida pelo presidente Sebastian Piñera, com exército nas ruas e toque de recolher. Quem está presenciando o momento de instabilidade chileno é o empresário criciumense Beto Colombo, que foi fazer turismo no país.
O criciumense falou com o jornalista Dênis Luciano, no Jornal das Nove da Rádio Som Maior, direto da cidade de Calama, no deserto do Atacama, e deu um ambiental sobre a insegurança vivida no país.
“Ontem estávamos fazendo uma caminhada nas montanhas e na volta fomos interrompidos por duas barreiras. O nosso motorista teve que fazer desvios para chegarmos no hotel. Em São Pedro do Atacama não funcionava comércio, farmácias e restaurantes. Os turistas que vieram pra cá, de moto, carro, muitos brasileiros nas estradas, parados, sem saber o que fazer à noite porque não conseguiam chegar na cidade”
Em conversa com os habitantes locais, o empresário procurou entender melhor o sentimento dos cidadãos sobre a onda de protestos e notou uma semelhança muito grande com as manifestações ocorridas no Brasil em 2014, relativo ao aumento de R$ 0,20 no preço das passagens de ônibus.
“O Chile abandonou os programas socioeconômicos e o atendimento nas questões públicas está muito distante do que era. Existe uma camada da população bastante rica e uma maioria das pessoas muito pobres, o que eles ganham não dá para o básico, ou seja, comer e se vestir. E a educação que era boa e gratuita não é mais e na saúde eles estão sendo mal atendidos”.
A onda de manifestações está sendo fortemente reprimida pelo governo chileno. O presidente Sebastian Piñera viu-se forçado a revogar o aumento das passagens de metrô, mas o povo continuou nas ruas. O exército determinou toque de recolher à noite em Santiago e em outras cidades, e centenas de pessoas foram presas nos últimos dias.
“Ao invés do presidente ouvir as manifestações, colocaram os militares e a polícia na rua para reprimir. O que nos dizem é que isso tá muito longe de acabar. Estamos indo para Santiago e lá vamos ver o que vai acontecer”.
As manifestações completam uma semana na próxima sexta-feira e até o momento, 18 pessoas morreram.