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"Há dez dias se tinha mais confiança na cloroquina do que hoje", afirma Renato Matos

Pneumologista mantém a cautela sobre a abertura social

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 13/04/2020 - 13:04 Atualizado em 13/04/2020 - 13:06
Foto: Divulgação
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Aberto o comércio, proprietários de lojas continuam com o receio sobre os impactos econômicos e sociais do coronavírus. Entre cálculos e cuidados para a retomada do atendimento, segue o temor de que um novo período de isolamento chegue. A quarentena de Santa Catarina, uma das primeiras decretadas no país, conseguiu controlar a epidemia do coronavírus na região. Porém, o vírus segue em Criciúma, na Amrec, no Estado, Brasil e no mundo, enquanto cientistas ainda não descobriram a cura.

O pneumologista Renato Matos, que tem sido contundente na importância do isolamento social como forma de prevenir o avanço rápido de vírus e o consequente colapso do sistema de saúde, mantém a cautela sobre o decreto estadual do último sábado, em vigor a partir desta segunda-feira, 13, que libera a abertura das lojas nas ruas da cidade.

"O grande receio é que se o vírus se espalhar, não temos outra maneira de parar. Há dez dias se tinha maior confiança na cloroquina do que hoje, pelo que tenho lido da literatura mundial. Tem que abrir o mais devagar possível, vamos torcer para que ela seja feita da forma correta", disse o médico. Segundo Renato, a importância do isolamento no combate ao vírus é unanimidade. 

"Está se jogando a pressão econômica em cima da área da saúde. Estamos vendo que os bancos não estão funcionando como deveriam. O dinheiro não chega nas pessoas. Quer-se tirar da economia um problema que é econômico e jogar para a saúde. Tem que ter um equilíbrio e saber que a economia tem mais chances de ajudar as pessoas que são necessitadas", acrescenta o pneumologista.

Em Santa Catarina, são 776 casos confirmados de Covid-19, sendo 48 em Criciúma. No Estado, morreram 24 pessoas; quatro em Criciúma. O Sul catarinense foi uma das primeiras a ter transmissão comunitária no país, mas não foi registrada superlotação nas UTIs. Na Unimed de Criciúma, por exemplo, o maior número de pacientes internados ao mesmo tempo foi sete.

"A quarentena funcionou, não tenhamos a menor dúvida disso. Há 30 dias, a região Sul era uma das quatro áreas que existia transmissão comunitária. Foi tomada a medida de quarentena rapidamente e hoje temos a situação tranquila. Pelo melhor lado foi bom, poucas pessoas faleceram, claro que cada perda tem um valor inestimável, mas dentro de um número global temos a situação tranquila. Por outro lado, essa quarentena funcionando, passou a impressão de que a doença não existe ou não vai chegar aqui", podera Renato.

Apesar do otimismo em relação aos números atuais, ainda há dúvidas sobre o estágio do coronavírus na região e no Brasil. A previsão de pico do ministério da Saúde é para maio ou junho. "O problema é que não temos números. Não temos a mínima ideia do percentual de pessoas infectadas em Criciúma, só sabemos aqueles que chegam no hospital", pontua Renato. 

"Quando se abre a quarentena, até que as pessoas infectem, passem o período de incubação, comecem a piorar e venham a usar a UTI, é na faixa de 20 a 30 dias. Não vamos ter uma resposta semana que vem. Ainda será resposta de períodos de isolamento. Tem que ser feita alguma tentativa, mas temos que ter subsídios", acrescenta.

Criciúma aguarda a chegada de 24 mil testes rápidos - 15 mil na Unimed e 9 mil do município. No entanto, o que pode ser visto como uma salvação por parte da opinião pública, tem suas particularidades: o teste é recomendado apenas para quem já apresenta pelo menos uma semana dos sintomas e acaba não sendo efetivo para determinar um isolamento.

"Não adianta eu chegar no trabalho com uma dor de garganta e fazer o teste. Ele vai ficar positivo em torno de sete ou nove dias. Se eu tenho sintoma respiratório, cheguei na loja e estou com dor de garganta, tenho que ser afastado, independente de qualquer teste. Nesse momento teria que ser feito aquele teste suave, do cotonete na garganta e no nariz, que sabemos ter uma margem de erro muito grande. O outro tem que ser feito mais à frente, em torno de nove dias é o ideal", explica o pneumologista.

Para o médico, permanece a dúvida sobre a capacidade do sistema de saúde responder ao possível alastramento do coronavírus na região. "Tínhamos que saber quem está assessorando governador, prefeito e baseado em que informações essas medidas são tomadas. Nosso governador tem sido relativamente prudente. Está abrindo devagar para ver como fica, é evidente que a pressão é imensa, não se tira esse mérito. Nós médicos estamos preocupados. Vão ter máscaras, respirador, qual a capacidade de atendimento de Criciúma? Esse cuidado tem que ser muito grande", conclui Renato. 

Tags: coronavírus

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