Todos os dias são inúmeras as histórias relacionadas à Covid-19 que emocionam, seja pelo sofrimento, pela dor ou pela esperança que elas transmitem. A cada dia, com o surgimento de novos casos, essas histórias se repetem e todas elas buscam um final feliz. E é esse desfecho que espera a família de Mayara Agostinho e Alexandre Rossa. No dia 12 de março, Mayara deu à luz no Hospital São José a pequena Maria Augusta. Um momento muito esperado, mas que não pôde contar a presença física do esposo Alexandre, de 31 anos. Em novembro de 2020, ele positivou para a Covid, permaneceu por 42 dias na UTI e hoje está em uma clínica de reabilitação particular, devido a uma parada cardiorrespiratória que teve neste período de internação. A dor da distância foi amenizada por uma chamada de vídeo feita no momento do nascimento da pequena Maria. Um momento de emoção que aproximou a família e possibilitou que o pai, mesmo que inconsciente, pudesse ouvir o primeiro choro da criança.
“Nós esperamos cinco anos para ter a nossa segunda filha e foi muito difícil vivenciar o final da gravidez sem a presença dele. Na clínica onde ele está atualmente, podemos visitá-lo uma vez na semana e sempre visito com nossa filha mais velha, a Isabelly, de 11 anos. Este último mês de gestação foi uma turbulência de sentimentos. Tinha a felicidade por ela estar chegando, por estar bem, mas também a tristeza por não ter ele ao nosso lado em cada exame ou consulta e, é claro, na hora tão esperada por nós, o nascimento dela. Em cada visita contava as novidades para ele, dizia que já estava tudo pronto, que ele tinha que levantar e voltar, porque precisamos dele aqui. Colocava os louvores que ele canta, a mão dele na minha barriga para sentir a ela. Era uma forma dele estar presente”, comenta a esposa Mayara.
Nascimento no HSJosé
A pequena Maria Augusta nasceu no Hospital São José, no dia 12 de março, às 9h34, pesando 3.754 quilos e medindo 49,5 centímetros. “Foi o momento mais triste da minha vida, subir a rampa do hospital sozinha, doeu demais. Mas com força, fé e Deus, consegui. Quem me acompanhou no parto foi a minha sogra. Por ter somente Alexandre de filho, pensei muito nela neste momento como mãe. Combinei também com a fisioterapeuta da clínica, que se fosse possível ligaríamos para ela por vídeo para ele ver a menina na hora que nascesse. Senti muito naquela hora que precisava fazer isso, e assim fizemos. Queria ver qual seria a reação dele naquele momento. O meu sentimento foi de esperança. Eu falava: levanta pai, levanta. Porque em muitos sonhos meus e de pessoas próximas a nós, nós víamos ele levantando assim que Maria Augusta chegasse e ele viria para casa bem. Então, naquele momento, eu queria ver isso, ele levantando, falando, queria ver as reações e o milagre tão pedido que fizemos todos os dias”, comenta Mayara.
Além da chamada de vídeo, no momento do nascimento da menina, também foi colocada uma das músicas que Alexandre cantava para a família. “Foi uma grande emoção vivenciar tudo isso. Eu e minha filha tivemos alta e hoje estou morando bem próximo a clínica onde ele está se reabilitando. Nossos dias estão sendo vencidos dia após dia. O processo do tratamento, infelizmente, é lento, mas seguimos sempre vivendo com fé e crendo que o milagre vem. Às vezes tenho a impressão que parece que isso não está acontecendo comigo. Antes da Covid estava tudo certo, não tínhamos nenhum problema, o Alexandre não tinha nenhuma comorbidade, tínhamos uma vida boa, não tínhamos do que reclamar. Aí veio a Covid e acabou com tudo”, conta Mayara. “A minha esperança hoje é a Maria Augusta e fé que a gente tem. Se Deus permitiu a recuperação dele da Covid mesmo com o pulmão todo tomado, se Deus permitiu que ele voltasse de uma parada cardíaca de vários minutos, eu acredito que Deus vai trazer ele de volta para a gente. Tenho muita fé que ele vai voltar e é isso que está me mantendo em pé”, complementa.