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Implantação do serviço aeromédico emperra e gera revolta

Para delegado do Saer Sul, região Oeste tem recebido mais atenção e recursos que o Sul do Estado

Por Francine Ferreira Criciúma, 07/08/2018 - 07:00
Daniel Búrigo / A Tribuna
Daniel Búrigo / A Tribuna

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Com alegação da falta de recursos e profissionais para serem remanejados pelo Governo do Estado, a implantação do serviço aeromédico no Sul catarinense segue emperrada. A situação, cujo pleito é solicitado há tempos pelo Serviço Aeropolicial (Saer) da região, tem gerado revolta, quando comparada aos investimentos feitos na mesma área, só que no Oeste de Santa Catarina.

No último mês de maio, o Governo do Estado anunciou que o serviço aeromédico para o Sul catarinense seria implantado de forma parcial, utilizando-se a aeronave do Serviço Aeropolicial e profissionais do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) quando fosse necessário. No entanto, a ideia se mostrou inviável na prática, após testes da equipe de voo do Saer Sul, por conta do tempo de resposta demorar mais que o ideal para atendimentos aéreos de urgência e emergência.

De acordo com o coordenador do Saer Sul, delegado Gilberto Mondini, para ser devidamente implantado e viabilizado, o aeromédico precisa de uma equipe funcionando todos os dias na base do Serviço Aeropolicial, para que consiga sair rapidamente quando for acionada, em uma aeronave já equipada. Para tanto, é preciso um investimento de aproximadamente R$ 80 mil por mês, que servirá para custeio da equipe de médico e enfermeiro, insumos e auxílio no combustível do helicóptero.

No entanto, o Governo do Estado segue afirmando que, no momento, não possui recursos para disponibilizar mensalmente ou profissionais do Samu para serem remanejados para as funções. Tal posicionamento é que o gerou a revolta de Mondini, uma vez que, segundo a autoridade policial, a região Oeste já possui o serviço aeromédico funcionando juntamente ao Saer e, mesmo assim, recebeu investimentos na área nos últimos meses.

“O principal argumento de não se instalar o aeromédico como precisamos é que não tem como fazer o remanejamento de equipes nem dinheiro para colocar uma nova aqui. Só que nesse mesmo período, em Chapecó, onde já há atendimento aeromédico bancado pela Administração Municipal, o Estado colocou profissionais para atuarem com uma aeronave do Corpo de Bombeiros. Não consigo entender isso e é ai que não dá de aceitar. Eles aumentam gastos e ampliam o serviço onde já existe, e nos locais onde não tem, alegam que não há dinheiro”, desabafa.

Na região Oeste, o Saer/Fron atende os municípios que compõe a fronteira do estado, tanto na área policial, quanto nos acionamentos aeromédicos. “Como arrumaram dinheiro e fizeram remanejamento de pessoal para atender lá com o Corpo de Bombeiros, onde já existe com o Saer e custeado pelo município? O Estado não precisaria, até porque ninguém reclamava e a aeronave da Polícia Civil que faz o serviço estava dando conta e deixando a população satisfeita”, completa Mondini.

Proposta inviável

Em relação a ideia de manter uma equipe do Samu de sobreaviso e buscar os profissionais em algum ponto pré-determinado em situações necessárias, o delegado afirma que torna o serviço aeromédico inviável. “Do acionamento, até chegar no local combinado, colocar todos os equipamentos dentro do helicóptero, embarcar médicos e enfermeiros e levantar voo novamente, daria mais de dez minutos, o que já é tempo demais, porque o principal ponto do resgate aeromédico é justamente a agilidade. Se tivéssemos uma equipe no hangar do Saer Sul, a aeronave já ficaria configurada para atendimento médico e quando precisasse, seria só embarcar e sair”, explica.

Nesse caso, somente quando fosse necessário participar de alguma operação policial é que os equipamentos médicos seriam retirados da aeronave. “Porque a parte policial é muito rápida, já que os equipamentos vão com os policiais. É na área da saúde que demora mais esse trabalho de preparação, para colocar todas as malas necessárias dentro do helicóptero”, ressalta.

Novos debates na próxima semana

O secretário de Estado da Saúde, Acélio Casagrande, argumenta que a proposta do Governo do Estado busca tornar os serviços públicos mais eficientes, nesse caso, na tentativa de deixar a equipe que já atua no Samu à disposição para eventuais acionamentos. “É uma questão de logística. O delegado do Saer entende que geraria transtornos e, por isso, o assunto acabou engalhando. Só que destinar uma equipe somente para isso também geraria certo conflito. Agora estamos tentando contornar esse ponto, de repente mudar a logística, para acontecer de uma forma que dinheiro público não seja desperdiçado”, aponta.

Em relação ao investimento em Chapecó, Casagrande assegura que trata-se de um avião de pequeno porte, que serve apenas para transportar pacientes, e não para o socorro de emergências. “Conseguimos a aeronave com a Receita Federal e é uma distância totalmente diferente da região Sul. A equipe destinada para o serviço já fazia a mesma coisa em Florianópolis, só houve um remanejamento, também por questão de logística, para não usar tanto o helicóptero do Saer nessas questões”, frisa.

Para que a implantação do serviço aeromédico no Sul volte a ser pauta de debates, uma reunião deve ser agendada para a próxima semana, com lideranças estaduais e regionais. “Atualmente, o helicóptero do Saer custa R$ 12 mil a hora, somente de aluguel. É um investimento alto que já fazemos. Mas se não for possível viabilizar a área de saúde de outra forma, vamos buscar esse recurso para contratar a equipe nova”, reforça o secretário.

Outras possibilidades na mesa

Um outro viés que deve ser colocado novamente em pauta para encaminhar o impasse, segundo o coordenador médico regional do Samu, Vanderlei Damin, é montar uma equipe exclusiva para o serviço aeromédico, com profissionais contratados especificamente para a função, por meio da Administração Municipal de Criciúma. “Seria um atendimento de sol a sol, melhor do que a ideia emergencial proposta anteriormente pelo Estado. Isso porque o Samu não consegue aumentar sua grade de profissionais e, pela proposta, precisaria deixar de atender com uma ambulância em solo para suprir o aeromédico”, observa.

Uma reunião sobre o assunto, inclusive, já foi realizada com o prefeito Clésio Salvaro. “Nesse encontro, ouvimos que a Prefeitura precisa que o Estado assuma a gestão do Hospital Materno Infantil Santa Catarina, que é muito onerosa, para estudar a possibilidade de contratar esses médicos e enfermeiros”, finaliza Damin.

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