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José Locks: o sucesso de uma mente empreendedora

A história de ascensão de Locks, da infância humilde ao mundo dos negócios

Por Marciano Bortolin Criciúma - SC, 06/03/2021 - 18:00
Foto: Guilherme Hahn / Especial / 4oito
Foto: Guilherme Hahn / Especial / 4oito

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“O trabalho para mim é satisfação. Tem gente que se diverte com outras coisas, mas eu me divirto construindo. As realizações me dão prazer”. A frase de José Locks talvez explique um pouco de seu sucesso.

Um dos empresários de maior prestígio do Sul de Santa Catarina, que completa 85 anos de idade em junho, tem uma trajetória de muita luta. Ele lembra que nasceu em Tubarão, mas veio para Criciúma ainda bebê, onde foi registrado.

O trabalho! Este sempre esteve presente em sua vida e ajudou a definir o seu caráter e a torná-lo um vencedor. “O meu pai era mineiro em Criciúma. Tive uma infância pobre e comecei a trabalhar muito cedo. Neste período fiz vários tipos de trabalho, desde capinar quintal até servente de pedreiro. Ainda fui auxiliar de topografia, sempre trabalhando muito”, salienta.

De uma família com outros nove irmãos, as dificuldades nunca fizeram com que ele ficasse deprimido. “Mesmo com a situação difícil sempre fui feliz. Nunca fiquei triste”, salienta.

Em sua biografia, José conta ao escritor Archimedes Naspolini, que os dois irmãos mais velhos, um com 15 e outro com 13 anos de idade, começaram a trabalhar como auxiliar de ferreiro na mesma carbonífera onde o seu pai era empregado. “Quanto a mim, vendo tanto sacrifício por parte de meus pais, não tinha coragem de pedir nada a eles. Mesmo contra a vontade dos mesmos, parei de estudar antes de completar o curso fundamental e fui trabalhar. No início fiz todo tipo de trabalho que se apresentava”, descreve no livro.

Mesmo trabalhando tanto, ele ainda tirava tempo para se divertir com os amigos e irmãos. A brincadeira preferida era o futebol. “Filho de família pobre, nem sempre tinha condições de comprar uma bola. Quando comprava era aquelas de dente de leite que, quando furava, nós fazíamos bolas de meia, ou até mesmo enchendo bexigas de animais”, recorda.

Rumo ao Rio Grande do Sul

Aos 15 anos, Locks tomou uma decisão ousada para alguém da sua idade: saiu de Criciúma para trabalhar fora. Com a ideia em mente, ele chamou o pai, Humberto, e pediu autorização para rumar ao Rio Grande do Sul, mais precisamente até a comunidade de Cascata, na cidade de São Francisco de Paula. Naquele instante, a intenção era atuar como ajudante de pedreiro. Em sua biografia “Simplesmente José”, publicado recentemente e escrito por Archimedes Naspolini Filho, ele relata que a ideia de ir ao Rio Grande do Sul atuar naquele ofício era porque em Criciúma não se construíam casas de alvenaria, mas sim de madeira, principalmente para os trabalhadores das minas de carvão.

Onze meses e muito trabalho depois, ele estava de volta à Criciúma. Aos 17 anos foi novamente para o estado vizinho, desta vez para Marau, levado pelo irmão mais velho, Henrique, que conforme a biografia de José Locks, trabalhava na construção da estrada de ferro Passo Fundo-Porto Alegre. Em solo gaúcho, trabalhou em uma fábrica de celulose, sendo, na sequência, contratado pelo departamento nacional de estrada de ferro.

E foi em Marau que a sua vida foi transformada. “Depois de seis anos voltei para Criciúma casado”, conta o empresário, acrescentando que não teve filhos. “Por isso eu trouxe os sobrinhos para perto de mim. Os irmãos também vieram trabalhar. Têm sobrinhos que vieram trabalhar conosco com 15 anos de idade e hoje são os meus diretores”, revela. 

Em dezembro, José e a gaúcha Lourdes completaram 63 anos de casados. Ela é natural de Marau, que era distrito de Passo Fundo na época, onde a união foi celebrada em 1957. José Locks, na época auxiliar de topógrafo, conheceu aquela que viria a ser a sua esposa em 1954 em uma festa da igreja local. Três anos depois, a união, quando ele tinha 21 anos de idade e ela 17. 

Mais de oito horas por dia

Mesmo quando empregado, José Locks nunca passou somente horas por dia no trabalho. O amor por construir, por ver as coisas acontecerem o faziam trabalhar cada vez mais. E foram 20 anos como empregado. E esta vontade culminou em sua primeira empresa. A Serviços Topográficos e Projetos Ltda (Setep), ou empresa mãe, como Locks a chama, surgiu em 1970, que tinha como objetivo os serviços na área de topografia, projetos e execução de instalações elétricas e desenhos de construções civis. Com o passar dos anos, a empresa passou a atuar em obras rodoviárias e está presente nos três estados do Sul. 

A empresa possui um vasto catálogo de obras realizadas na região Sul de Santa Catarina e fora dela. Como exemplos, a Via Rápida, que liga Criciúma à BR-101; a duplicação da BR-470, em Itajaí; a Rodovia Ivane Fretta Moreira, em Tubarão; o acesso Sul ao Balneário Rincão; o acesso ao Aeroporto Regional Humberto Bortoluzzi, em Jaguaruna; o calçadão à Beira-Mar do Balneário Rincão, entre tantas outras realizações. 

Atualmente, a Setep pavimenta a Serra da Rocinha, entre Timbé do Sul, em solo catarinense, e São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, uma rodovia de 22 quilômetros. 

Ampliação dos negócios

Mas quem pensa que o empresário se acomodou com tantas conquistas se engana, afinal, trabalhar sempre fez parte da sua vida. Em 2002, surgiu a Construtora Locks, que atua na área da construção civil e tem como destaque a implantação de edificações residenciais e comerciais, de parcelamento do solo, através de condomínios horizontais residenciais e industriais, além de loteamentos urbanos.

Por último, José criou a Sul Brasileira Mineração, ou somente SBM, que iniciou as atividades com a finalidade de produzir pedra britada para a Setep, mas que hoje ganhou o mercado. A empresa possui cinco pedreiras em Urussanga, Maracajá, Paulo Lopes, Campos Novos e Vargem Bonita, com capacidade de produzir em torno de 150 mil toneladas por mês. “Comecei com a empresa de topografia que é a minha profissão. Aprendi muito jovem e resolvi formar a empresa. Depois foi crescendo e eu fui começando a diversificar. “Depois entrei na construção civil que é a Construtora Locks e ultimamente tirei um braço da Setep, fiz uma fusão e surgiu a SBM”, fala.

Para ele, este é o resultado de muito trabalho. “Não sei se foi visão ou se eu soube aproveitar as oportunidades que surgiram. Foi questão de trabalho. Até hoje, com quase 85 anos, eu continuo trabalhando. Não foi por causa da Covid-19 que perdi algum dia de trabalho”, enfatiza Locks que destaca a preocupação com todos os cuidados devido à pandemia.

“Todos acabam tendo oportunidade”

O recado deixado aos meus jovens é de alguém que passou por uma infância pobre, mas que nunca desanimou, nem deixou o sorriso escapar do rosto. “Todo mundo acaba tendo uma oportunidade, basta apenas ter disposição para o trabalho, pois sem ele não se conquista nada. Nada cai do céu. Temos que construir, e para construir, só com muito trabalho. Não lembro de nenhum dia que trabalhei somente oito horas, nem quando era empregado. Trabalhava até ter terminado o serviço, nunca recebi hora extra, e nem cobrava. Eu fazia por livre vontade, não mandado pelo patrão, pois para mim não importava a quantidade de horas, eu tinha que entregar o trabalho”, afirma. 

Lembra que o então menino José Locks tinha outra paixão além do trabalho? O futebol ficou sério em sua vida e evoluiu para uma paixão pelo Criciúma Esporte Clube. Este sentimento o levou à condição de diretor administrativo, presidente do Conselho Fiscal, do Conselho Deliberativo e do Conselho de Administração do clube. José também teve orgulho em ver a marca de sua empresa estampada na camisa tricolor do Tigre. Construtora Locks permaneceu por um tempo em destaque na camisa do Criciúma. Estava lá, bem legível na parte preta da camisa que ainda tem o amarelo e o branco. 

Futuro de mais trabalho

Mesmo com um passado vitorioso, o empresário não pensa em parar por aqui. Aos 85 anos de idade, ele já sabe até quando vai trabalhar. “Enquanto eu tiver condições físicas e mentais, não pretendo parar. Até brinco que vou trabalhar até os 100 anos e depois vejo o que faço. E falta só 15. Está perto”, diz.

A contribuição de José Locks foi reconhecida por meio da Comenda do Legislativo Catarinense, homenagem concedida pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O nome do fundador da Setep, da Construtora Locks e da SBM foi indicado pelo ex-deputado e ex-prefeito de Criciúma, Altair Guidi. 

A comenda reconhece pessoas físicas, jurídicas ou outras entidades que contribuem com o desenvolvimento do estado.

História eternizada

Agora a história de José Locks ficou eternizada no livro “Simplesmente José”, biografia escrita por Archimedes Naspolini Filho que retrata os desafios e conquistas do empresário. “Muitos amigos que vão ao meu escritório perguntavam da minha história e falavam que merecia um livro para eternizar”, cita.

Sem poder realizar um evento de lançamento devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), biografado e biógrafo optaram por fazer o “lançamento” à distância. Assim, diversas pessoas passaram a receber a obra no conforto de casa. 

Ao longo de mais de 200 páginas, as idas e vindas de José, a infância humilde, o casamento, a ascensão a empresário, fotos, e tantos outros registros.

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