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Mantenhamos fortes, a vida vencerá

Artigo de Jorge Boeira, engenheiro mecânico, empresário e ex-deputado federal

Por Jorge Boeira Araranguá, SC, 04/03/2021 - 19:44 Atualizado em 04/03/2021 - 19:49
Foto: Divulgação
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Esperamos com grande expectativa o início da campanha de vacinação no Brasil contra a Covid-19. Depositamos nela todas as nossas esperanças de que finalmente venceríamos o flagelo do coronavírus que enlutou milhares de famílias, nos privou do convívio social e familiar, trouxe perdas imensas à economia, jogou milhares de trabalhadores no desemprego e aprofundou as desigualdades social levando de volta à extrema pobreza dezenas de milhares de famílias.
Mantivemos nossas esperanças e confiança na vacina como o meio realmente eficaz de combate ao coronavírus e a retomada das atividades cotidianas, entretanto, a campanha de vacinação precisa de se adequar à necessidade que a transmissão do vírus e suas variantes nos impõe sob pena de não vermos superada a curto prazo todas as mazelas acima citadas.
Ocorre que a as ações do Governo Federal para o combate a pandemia tem posturas muito negativas e deletérias. Começou com o negacionismo, passou pela falta de testes e fincou posição num kit de medicamentos sem comprovação científica no combate ao vírus. O resultado é o que vimos hoje: caminhamos para o pior mês de março da história de nossa sociedade em se tratando do número de mortes diárias. Conforme análise dos mais balizados expects brasileiros que se dedicam aos estudos e pesquisas da Covid-19 no Brasil, a marca de dois mil mortos diários será em breve alcançada e o colapso do sistema nacional de saúde é apenas questões de dias. E isso ocorrerá muito em função da conduta errática do Presidente da República e de seu preposto no Ministério da Saúde.
A demora em vacinar a população abre as portas para mais e mais mutações do vírus, faz agravar a pandemia e ela durará mais tempo entre nós, como previsto pelo pesquisador do programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Lucas Ferrante, para quem Manaus “pode se tornar um problema de saúde pública mundial” por conta do surgimento de novas variantes ocasionadas pela crescente circulação do vírus. A preocupação agora se estende a todo Brasil já que não há políticas de testagem em massa e as medidas de restrição de locomoção, quando não incompletas, parecem tardias e a campanha de vacinação transformou-se numa corrida contra o tempo e contra as variantes do vírus, muito mais agressiva no contágio, o que eleva os índices de letalidade.
Segundo dados do consórcio de imprensa, que acompanha os números da pandemia, o Brasil, até o último dia 03/03, já aplicou ao menos uma dose de vacina em 7,5 milhões de pessoas. Destes, 2,1 milhões pessoas já receberam a segunda dose. 
Muitos podem estar achando que os números são significativos. Eu diria apenas que é melhor que nada, pois a manter o atual ritmo de vacinação, o Brasil levará três anos para imunizar 70% da população contra a Covid-19. A perspectiva de atingir só em 2024 a cobertura que permite a volta ao “velho normal” é desanimadora. O Brasil patina em sua campanha de vacinação e isso é resultado da forma desdenhosa, negligente e omissiva como o Governo Federal tratou a pandemia. Até o instante em que escrevia este artigo, apenas 3.47 % da população brasileira tomou a primeira dose da vacina e, somente 1,02% tomaram a segunda dose. 
Para além da letárgica campanha, faltam vacinas em várias cidades brasileiras. É o resultado da negligência do Presidente que não se ateve a comprar na época certa os imunizantes necessários. Segundo a Pfizer, a farmacêutica em 15 agosto ofereceu um contrato para entrega de 70 milhões de vacinas com previsão de disponibilidade a partir de dezembro de 2020. O governo deu de ombros e preferiu desdenhar dos esforços do governo de São Paulo para adquirir os insumos e a vacina da Coronavac.
Depois de passar todo ano de 2020 e persistir em 2021, minimizando a pandemia, boicotando medidas de combate à sua disseminação, estimulando comportamentos de risco, prescrevendo medicamentos inócuos e insinuando a existência de efeitos colaterais inexistentes nos imunizantes, contribuiu decisivamente para o aumento das mortes por coronavírus ao ponto de, agora, ser comparado ao sanguinário ditador Angolano Idi Amim Dada, que na década de 70 levou a cabo um enorme genocídio contra centenas de milhares de angolanos.
Acossado pela opinião pública mundial que o vê como uma pária, utiliza-se de desdenhoso proselitismo, ao anunciar a compra de 100 milhões de doses de vacina da Pfizer para aplicação imediata. Isso não é verdade.
A proposta apresentada pela Pfizer, com a qual o ministério concordou, prevê 8,715 milhões de doses até junho; 32 milhões até setembro; e 59,285 milhões até dezembro — no total, são 100 milhões de doses. Detalhe: O contrato ainda não foi firmado, logo, nada garante que o será, e se o for, somente a partir de setembro é possível imaginar uma aceleração no processo de vacinação.
O correto dizer é que o Governo Federal não se preparou para a pandemia. Foi omisso e continua inerte a movimentação dos outros países pela produção da vacina e insumos. No Brasil, convivemos hoje com a ameaça de um colapso geral onde faltará de tudo, inclusive oxigênio, leitos de UTI, sedativos, respiradores e pessoal técnico, visto que os profissionais de saúde, depois e tanta dedicação, parecem perder forças diante de um vírus, que hoje se mostra tendente a vencedor.
Infelizmente, tudo que depende do governo federal no combate a pandemia tem sido feito de forma amadora, sem planejamento, sem logística, e corre o risco de transformar a campanha nacional de vacinação no que virou moda em seu governo, a construção de narrativas e fake news.
O governo precisa levar a sério a campanha de vacinação e ultrapassar a fase dos atos simbólicos que presenciamos quando do lançamento da campanha para que tenhamos esperanças de que possamos superar a pandemia. O que nos resta é mantermos ainda mais fortes e persistentes do que já fomos, respeitarmos o distanciamento social adequado, usarmos máscaras, o álcool em gel e renovarmos nossas esperanças de que não há mal que dure para sempre. Abandonados pelo Estado, assistimos a banalização da vida pela autoridade máxima em nosso país, mas, a musicalidade de Chico Buarque de Holanda nos ensinou que “apesar de você, (dele) amanhã há ser outro dia”.
Essa pandemia há de ser vencida porque Deus preza a vida e Ele, em sua misericórdia, nos concederá vida em abundância.

Jorge Boeira, engenheiro mecânico, empresário e ex-deputado federal 

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