Com mais de 15 anos de experiência no setor de gastronomia contemporânea, o criciumense Ricardo Ronchi morou por 17 anos em Milão, na Itália. Ele é graduado como barista profissional e formado como mestre em cafés. Participando do Programa do Avesso, falou sobre a comida italiana e o amor por café.
"Minha relação com o café começou com nove meses de Itália. Eu trabalhava em uma churrascaria a noite, então busquei um emprego em uma cafeteira, para trabalhar durante o dia", lembrou Ronchi.
Ele saiu do Brasil em fevereiro de 2001. Tinha uma tia que já morava lá há alguns anos, então trancou a faculdade de Educação Física e decidiu se mudar. Na Itália, conheceu sua esposa, brasileira, com quem se casou em 2005 e teve três filhos. "Desde quando cheguei lá eu gostei, me apaixonei pela Itália. Depois eu conheci a minha esposa e fiz família".
Em 2011 fez concurso e passou a trabalhar no Consulado Geral do Brasil em Milão, onde ficou até julho de 2017, pouco antes de voltar a terra natal. Segundo ele, os produtores de café perdem 50% dos grãos durante o processo de beneficiamento.
“O café tem 15 segundos para ser utilizado, então quando você abrir o pacote ele não estará ótimo. O padrão é muito alto para chegar a um café especial, é complicado, o mundo do café é muito complexo”, analisou.
Para ele, o café é vida, e exemplificou isso dizendo que o produto possui cromossomos, assim como os humanos. Recomenda que as pessoas abandonem a utilização de açúcar, para sentir o verdadeiro sabor da bebida.
“Não creio que o café seja viciantes, mas o açúcar sim. Em um teste envolvendo ratos, com açúcar e heroína, o animal optou por açúcar”.
Com tanto tempo morando fora, pôde saborear diversos pratos típicos da culinária italiana. Ronchi afirmou que o macarrão é como se fosse o nosso arroz com feijão. A pizza é outro prato que não poderia ficar de fora, de acordo com o barista, nem todas são boas.
"Eles não gostam de pizza doce. Nem todas as pizzas são boas, a napolitana tem uma massa mais recheada", contou.
Adaptação
Para Ronchi, a adaptação em um novo país deve ser rápida. Além da Itália, ele ia com frequência para a Suíça, onde rezava na Igreja Protestante. Desde o começo, viveu com grupos de brasileiros, e pensa que isso tenha sido fundamental para ficar tanto tempo. Embora os italianos sejam tachados como grosseiros, o barista disse que quando se forma uma amizade com um deles, é verdadeira.
"Uma das maiores gafes que a gente comete é não entrar na cultura do país. Em um ou dois meses me forcei a falar italiano, eu falava errado e pedia para me corrigirem", concluiu.
Retornou ao Brasil em setembro de 2017, com a esposa e os filhos. Atualmente ministra cursos e administra um restaurante.