A Prefeitura de Criciúma, através da Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação, deu início à campanha "Não dê esmola". O objetivo é aumentar a busca, por parte dos moradores em situação de rua, aos equipamentos oferecidos pelo poder público como a Casa de Passagem e o Centro Pop. No local as pessoas encontram ajuda com documentação, comida, local para higiene e para dormir.
A campanha está passando por uma fase de intensificação na parte publicitária. É possível encontrar outdoors e placas espalhados pela cidade trazendo informações da campanha. Sobre isso o secretário municipal de Assistência Social e Habitação, Bruno Ferreira, conversou com o jornalista Adelor Lessa nesta manhã de terça-feira (23). "Para essas pessoas dos semáforos, muitas vezes, aquela ajuda, aquela esmola, confunde. Como diz o áudio [da campanha], ela não ajuda, ela causa uma falsa esperança. Porque muitas vezes aquelas pessoas que estão ali são usuários de entorpecentes e eles não ganhando aquela esmola aquele dinheiro, eles são obrigados a procurar os nossos equipamentos da Prefeitura e lá sim, nós acolhemos eles", disse Ferreira.
A estimativa do poder público é que cerca de 200 pessoas vivam em Criciúma em situação de rua. Somente no mês de fevereiro, os equipamentos oferecidos pela Prefeitura fizeram 180 novos atendimentos. Segundo Ferreira, a rotatividade de pessoas na cidade é alta e por isso não é possível ter um controle preciso.
A situação se agravou com a chegada da pandemia. Com a instabilidade econômica, pessoas passaram a ter maior vulnerabilidade. Bruno destacou que entre as ações realizadas pelo Centro Pop está a colocação no mercado de trabalho. A instituição realiza cadastro de empresas com vagas para poder encaminhar as pessoas que se encontram nessa situação. No local também é possível regularizar documentação, caso o indivíduo não os possua mais.
O município possui 04 educadores sociais que abordam as pessoas em situação de rua. O objetivo é encaminhar a alguns dos equipamentos que a Prefeitura oferece e melhorar a situação da pessoa. Em casos de vício em entorpecentes, o município também realiza o encaminhamento para a unidade terapêutica. "A gente encaminha para a comunidade terapêutica, eles ficam 15 dias, uma semana, muitas vezes e saem. Também não são obrigados a ficar. Não é uma internação compulsória, é voluntária.", disse Ferreira.
As abordagens são realizadas junto de uma assistente social. Através de técnicas de conversa, os educadores buscam convencer as pessoas a mudarem de situação. "Tem que ser uma abordagem social. Então as vezes na primeira abordagem não dá certo, na segunda não dá certo, mas as vezes na terceira pega ele naquele dia bom, vamos dizer assim, sensibiliza ele e quem sabe a gente consegue recuperar uma vida dessas.", falou Bruno. O poder público também coloca à disposição a Casa de Passagem, onde são oferecidas refeições e local para dormir com segurança e conforto.
Questionado por alguns ouvintes a respeito da doação de marmitas e alimentos, Bruno desincentivou a prática. Conforme o secretário, muitos acabam nem comendo e vendem o alimento em busca de dinheiro para a compra de entorpecentes. O recomendado é a população indicar a procura pelo Centro Pop onde é ofertado café da manhã, almoço e café da tarde para os moradores em situação de rua. "Esse tipo de ajuda a gente pede que não faça, porque ao invés de ajudar está fazendo um problema maior ainda", concluiu Bruno.